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Sala de Vidro do MAM recebe obra inédita de Shirley Paes Leme

A artista criou uma instalação site-specific que dialoga com o Parque Ibirapuera, onde o museu está localizado, e lança uma provocação sobre o paradoxo de um “oásis poluído” dentro da metrópole paulistana.

A partir de 2 de março, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM São Paulo) recebe um trabalho inédito da artista Shirley Paes Leme, pensado especialmente para ocupar a Sala de Vidro da instituição.

Convidada pelo curador-chefe do MAM, Cauê Alves, a artista concebeu uma instalação site-specific que dialoga com o entorno do museu, e, simultaneamente, instiga o público a pensar sobre as condições climáticas.

Nosso mundo (2022-2023) é uma instalação composta por mais de 1000 filtros usados de ar-condicionado de carro e alumínio reflexivo.

Enquanto os filtros formam na parede da sala um skyline da cidade, com aspecto turvo e fora de foco, trazendo a imagem causada pela poluição do ar, o chão espelhado irá refletir a paisagem e a arquitetura do Parque, e o visitante, colocando no mesmo espaço as árvores e também a marquise.

A artista explica que esse caráter espelhado do chão deve tornar a Sala de Vidro um lugar confuso, pois o público não saberá muito bem o que está por vir, já que tudo em volta ficará dentro do mesmo espaço.

“Simultaneamente, o visitante se vê e vê as árvores, o teto, a parede refletida no chão, e vê também as árvores, a parede real, causando uma confusão de realidades”, comenta Shirley Paes Leme

Simultaneamente, haverá o skyline na parede, tornando o lugar que parecia contemplativo em um espaço, na verdade, provocativo.

O diálogo com o Parque Ibirapuera também esteve presente nas últimas obras que ocuparam a Sala de Vidro do MAM, como os Cupinzeiros (2022), de Lidia LisboaOrigem e Destino (2021)de Rodrigo Bueno, e Retromemória (2022), de Lenora de Barros.

Os filtros de ar-condicionado que constroem o skyline na obra são todos usados, com o aspecto escuro da “marca da fumaça”, como a artista chama, tendo em vista que o ar poluído da cidade passou por dentro deles.

Os rastros de fumaça fazem parte, de certa maneira, da trajetória da artista, que já utilizou como material para compor obras das séries Tensão, Resíduos da CidadeFumaça-ação.

O caráter manchado desses filtros evoca uma tensão um tanto assustadora, já que convoca o público a pensar que o mesmo ar que passa por eles é o ar que respiramos.

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) em 2022 indicou que a poluição presente no ar na cidade de São Paulo ficou acima do recomendado pela OMS nos últimos 20 anos.

“Além de apontar para questões ambientais cada vez mais urgentes, Shirley Paes Leme reflete e dá visibilidade para a situação paradoxal de estarmos numa espécie de oásis poluído”, aponta o texto curatorial da obra escrito por Cauê Alves.

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