No dia 10 de agosto, a Arte132 Galeria abriu a exposição Transmutação e metáforas do inconsciente do escultor italiano Renato Brunello, com curadoria de Laura Rago, em São Paulo.
Em sua segunda mostra individual na galeria, a produção de Brunello reflete a fusão entre a tradição escultórica italiana e a cultura brasileira.
A mostra, com 22 obras inéditas, traz a adaptabilidade dos materiais utilizados, abrangendo novas concepções sobre seu manuseio.
Desde meados dos anos 1970, Renato Brunello, radicado no Brasil, incorporou em sua produção artística as influências da arte e da cultura popular nordestina, como o artesanato e o folclore, além das características da arquitetura vernacular pelo uso de materiais locais e técnicas construtivas tradicionais.
Formado na Escola de Artes e Ofícios, em Veneza, Brunello trabalha com mármore e madeira em suas criações, transgredindo a maneira convencional de utilizar esses materiais ao incorporar a força expressiva da técnica e a adequabilidade do trabalhador de ofício.
“A escultura deve necessariamente se relacionar com a dinâmica do espaço, articulando volumes de maneira a criar uma interação fluida e expressiva com o ambiente”, diz Brunello.
As obras de Brunello rejeitam a classificação tradicional da arte, que se apoia na separação do abstrato versus o figurativo ou engajamento versus “arte pela arte”.
Nelas, o elemento abstrato evoca o figurativo, ao mesmo tempo que a beleza da forma provoca reflexões.
Cada peça conta uma história que se revela a quem observa.
A apreciação da arte contemporânea exige essa imersão no universo do artista.
“A ocupação do espaço é vital para gerar pontos dinâmicos e dialogar eficazmente com o próprio espaço”, afirma o artista, comparando a composição espacial da escultura a um passo de dança.
Nesta exposição, as produções proporcionam leituras para a compreensão da intenção criativa de Brunello, consciente ou não.
Essa visão integra a subjetividade do artista à exterioridade do mundo.
As esculturas de pequeno porte, como Gufo Rosa (veja a escultura abaixo), carregadas de camadas de significado metafórico, trazem à memória a coruja de Minerva, presente na mitologia romana, e evocam a ideia de renovação e transformação constante.
A escolha dos materiais, como mármore rosa de Portugal e madeiras maçaranduba e garapeira, evidencia a habilidade técnica do artista, ressaltando a ambiguidade das texturas alcançadas.
“Conceitos relativos a uma ampliação do campo da escultura são perceptíveis no eixo da produção axiomática do artista, que passou a abranger novas concepções, flertando com a metáfora e o simbólico”, escreve Laura Rago.
“O resultado são obras tridimensionais que evocam a fauna e a flora do Brasil, ao mesmo tempo que ressaltam a expertise do artista no manejo da matéria”, completa a curadora.
Renato Brunello continua a explorar a relação entre o vazio e o cheio em suas esculturas, como em Contorção (2005) e Ponto e Contraponto (2023), criando uma interação entre presença e ausência.
Essa interação convoca o espectador ao deslocamento corpóreo e imaginativo, permitindo uma experiência estética que transcende a simples observação visual.
Suas esculturas podem ser experimentadas como um sistema de comunicação, que produz e reproduz signos a partir do seu imaginário.
Confira mais algumas das esculturas do escultor italiano presentes na exposição: