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N’Kinpa promove encontros em escolas públicas de SP

Projeto Terreiros Nômades — Macamba Faz Mandinga — Saberes Afrodiaspóricos nas Corporeidades da Cena discute sobre cultura afrodiaspórica e originária.

Foto com participantes do encontro promovido pela N’Kinpa.

Em junho, o projeto Terreiros Nômades — Macamba Faz Mandinga — Saberes Afrodiaspóricos nas Corporeidades da Cena, realizado pela N’Kinpa — Núcleo de Culturas Negras e Periféricas, promove encontros com mestras e mestres em cultura africana, afrodiaspórica e originária em duas escolas públicas.

Os eventos ocorrem na EMEF Ana Maria Alves Benetti e EMEI Cruz e Souza, localizadas na Zona Sul de São Paulo, integrando alunos e professores em atividades constituídas por bate-papos e vivências práticas, de manhã e à tarde.

No dia 4/6, na EMEF Ana Maria Alves Benetti, o encontro é com Mestre Silvio que aborda o tema Congada de Moçambique — Bastões das Irmandades.

Paulista de Queluz, criado em Cruzeiro, Mestre Sílvio teve contato com as manifestações culturais do Vale do Paraíba (congada, moçambique, folia de reis, jongo, etc.) desde criança, por intermédio de seu pai.

Aos 14 anos, ingressou na companhia de Moçambique de Lorena, onde adquiriu conhecimentos com mestre Alcides.

Aos 17 anos, iniciou sua própria companhia na cidade de Cruzeiro.

No dia 11/6, na EMEI Cruz e Souza, o indígena Anderson Kary Baya conduz vivências sob o tema Cosmovisões Originárias — A Brincadeira para o Povo Tukano.

O artista indígena, de Iauaretê (AM), é pesquisador da cosmovisão, das danças, dos cantos e dos grafismos de seus povos, Tariano e Tukano.

Iniciou suas atividades artísticas em 2003, atuando como músico no grupo de artes Dyroá Báya.

Foi artista-educador do Programa de Iniciação Artística (PIÁ — 2021, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo).

No dia 18/6, na EMEF Ana Maria Alves Benetti, o grupo Ilê Aláfia comanda as atividades que apresentam o Maracatu de Nação — A Força da Cor.

Surgido no Jabaquara, bairro da zona sul da cidade de São Paulo, em 1999, o Ilê Aláfia celebra as raízes afro-brasileiras a partir da musicalidade.

Também conhecidos como Maracatu de Baque Virado ou Maracatu Nação, as manifestações nasceram da tradição do Rei do Congo, assim como os congados e moçambiques.

Ilê Aláfia, em yorubá, significa “casa da felicidade”.

No dia 25/6, na EMEI Cruz e Souza, será a vez da mestra Silvana de Jesus conduzir as atividades embaladas pelo tema A Dança como a Brincadeira que nos Liberta.

Mestra em Artes da Cena, especialista em História e Cultura Afrodiaspórica e Originária e em Dança e Consciência Corporal, Silvana tece uma dança espiral em sua performance, na qual cabem brincadeiras de roda, gingas e mandingas. Idealizadora do processo criativo DançAdinkra, ela é artista e educadora, há 20 anos, atuando junto a coletivos como Batakerê, Gumboot Dance Brasil e Protagonistas.

Os temas abordados nos encontros não são restritos aos dias em que ocorrem.

Nas semanas seguintes, eles são retomados pelas escolas, quando são estudados junto aos alunos, expandindo as possibilidades de entendimento.

Contemplado na 41ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo,Terreiros Nômades — Macamba Faz Mandinga — Saberes Afrodiaspóricos nas Corporeidades da Cena visa valorizar as culturas africanas, afrodiaspóricas e originárias colaborando para a aplicação efetiva, por meio da linguagem artístico-pedagógica, das Leis Federais n.º 10.639/03 e n.º 11.645/08, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino de história e de culturas afro-brasileira e indígena nas grades curriculares do ensino fundamental e médio.

As duas escolas envolvidas no projeto foram contempladas por serem instituições onde essas leis são aplicadas, levando a educação antirracista para além do material didático.

Ao longo de 2024, várias atividadese estudos vêm sendo realizados nas escolas.

Trata-se das ações da coletiva N’kinpa em parceria com coletivos do entorno, vivências com mestres da cultura afrodiaspóricas, palestras e bate-papos com pensadores da cultura negra e indígena, encontros com pais, alunos e comunidade, programas de podcast (Diáspora — A Cor da Nossa Cultura em Encontros e Redes) e criação de um espetáculo de teatro performático, concebido a partir desse percurso, cuja estreia está prevista para novembro.

Segundo Joice Jane Teixeira, idealizadora e proponente do projeto Terreiros Nômades e coordenadora da coletiva N’kinpa, “a escolha das duas escolas, além de serem instituições cujos projetos políticos-pedagógicos se pautam na implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08, deve-se ao fato de estarem localizadas no bairro do Jabaquara, na região sul da cidade, um dos territórios de grande relevância histórica para o povo negro”.

E completa: “buscamos com ações, conteúdos e vivências estabelecer, além de um diálogo com crianças, jovens e adultos alargando o acesso às artes, devolver o que lhes foi negado, ou seja, as histórias e os saberes de povos que, por conta do racismo estrutural histórico, foram e ainda são invisibilizados. Acreditamos que a partir disso ampliaremos as reflexões políticas, culturais e sociais/econômicas, além de fomentar e formar um público ativo na luta pelos direitos, propositivo e participativo da vida de sua comunidade”.

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