Written by 10:30 Cultura, Entrevista, TV, Filmes e Séries, Vídeos na internet • 2 Comments Views: 78

Ninguém faz um filme sozinho: Um bate-papo com Elder Fraga

Diretor do documentário Ninguém é Campeão Sozinho, que revela a carreira de Lalá, ex-goleiro do Santos, revela tudo e mais um pouco sobre a produção do filme.

Foto de Elder Fraga, diretor de filmes e CEO do Fraga Films.

Cada dia mais se aproxima a estreia do mais novo documentário de Elder Fraga, diretor de produção da Fraga Films.

O documentário Ninguém é Campeão Sozinho segue relatos de Carlos Pierin, o Lalá, ex-goleiro do Santos F.C., sobre sua carreira futebolística.

Porém, como o próprio título já menciona, o documentário ainda conta com participação mais do que especial do Canhão da Vila, José Macia, mais conhecido como Pepe, e algumas cenas com participações de atores (Davi Pierin e Gustavo Casanova) para reencenar alguns fatos históricos de Lalá.

Assim, como ninguém é campeão sozinho, um filme dessa grandiosidade também não se faz só, por isso Elder Fraga conta com uma super equipe de produção composta por Tomires Ribeiro, Leonardo Granado, Gabriel Pierin, a equipe da Fraga Films, a equipe da Primeiro Olho Filmes, a equipe da Décimoitavo Produções, Luiz Luna, Junior Aragaki, Jairo Mattos, Júlio Quinan e Gabriela Wazlawick.

O filme será lançado em 10 de agosto numa sessão para convidados na Vila Belmiro, estádio do Santos F.C.

E, nesta entrevista exclusiva e completa com Elder Fraga, você poderá saber mais curiosidades de produção do filme e muito mais.

Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer recebê-lo novamente no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta: Como surgiu a ideia de produzir um filme sobre a vida do goleiro Carlos Pierin, o Lalá, utilizando o histórico confronto entre Santos e Botafogo em 1959 como foco central?

Elder Fraga: Eu que agradeço pelo convite para falar sobre o nosso novo filme, Ninguém é Campeão Sozinho.

Atualmente, eu e o roteirista Leonardo Granado estamos realizando um projeto que vem sendo desenvolvido há alguns anos, intitulado Sobrevivi e Vou Contar.

Este filme aborda a vida de sobreviventes da Segunda Guerra Mundial.

Entre os convidados do nosso filme está o historiador Gabriel Pierin, autor de dois livros sobre o Sr. Andor, o único brasileiro que sobreviveu ao holocausto.

Quando Leonardo me apresentou a ideia de fazer um filme sobre futebol e mencionou que Gabriel era filho de Lalá, o lendário goleiro do Santos que jogou ao lado de Pelé, Pepe e Coutinho, que conquistaram a Copa do Mundo em 1958, percebi de imediato o potencial desta história poderosa e decidi embarcar no projeto na hora.

Victor Hugo Cavalcante: Quais foram os maiores desafios na produção do filme, especialmente em relação à recriação dos momentos históricos nos gramados?

O maior desafio foi conseguir filmar na Vila Belmiro, um estádio histórico onde muitas lendas do futebol mundial fizeram história.

Queria que o filme fosse totalmente ambientado lá, para capturar as memórias de Lalá no cenário original.

Quando finalmente conseguimos agendar as filmagens, eu e minha equipe, Tomires Ribeiro, nosso diretor de fotografia, e Leonardo Granado, o roteirista, começamos a trabalhar na estrutura do filme.

Propus a ideia de combinar documentário com ficção e de transformar Lalá em um ator no filme, e felizmente a ideia foi um sucesso.

Lalá, que agora em agosto completará 90 anos, tem um carisma incrível e aceitou imediatamente participar das cenas.

Ele é um excelente contador de histórias e, ao abrir a câmera e pedir para ele compartilhar suas memórias, foi fascinante ouvir os detalhes sobre o futebol.

Espero que o público se emocione com este filme, que celebra o amor pelo futebol, algo que atualmente está se tornando cada vez mais raro.

Victor Hugo Cavalcante: Pode nos contar mais sobre a escolha do elenco, especialmente a inclusão de José Macia (Pepe), Davi Pierin (Lalá criança) e Gustavo Casanova (Lalá jovem)?

O José Macia (Pepe) foi um dos melhores amigos de Lalá no Santos, ao lado de Pelé, com quem esteve sempre próximo.

Quando Lalá inaugurou seu lava-rápido em Santos, foi Pelé quem fez a inauguração, e Pepe estava ao lado deles.

Tivemos a oportunidade de passar uma tarde maravilhosa na casa de Pepe, e eu decidi criar um bate-papo entre esses dois amigos, revivendo momentos históricos que compartilharam nos gramados.

Foi emocionante porque a cabeça traz tudo de volta.

Em breve, também será lançado um documentário sobre Pepe.

Davi Pierin, neto de Lalá e atual jogador na escolinha do Santos, tem um futuro promissor como jogador do time.

Foi uma grande alegria levar três netos de Carlos (Lalá) para as filmagens; ver a interação deles com o avô no set foi verdadeiramente emocionante.

Além disso, Gustavo Casanova, um talentoso goleiro da base do Santos que atualmente joga no Cuiabá, foi fundamental para recriar cenas da juventude de Lalá.

Com um futuro brilhante pela frente, Gustavo é um nome a se observar, e estou certo de que ele se tornará um grande profissional.

Victor Hugo Cavalcante: Como foi o processo de pesquisa e preparação para assegurar a precisão histórica e esportiva dos eventos retratados no filme?

Tudo começou quando Gabriel Pierin, filho de Lalá e profissional do Museu das Conquistas do Santos, além de jornalista e historiador, se juntou a Leonardo Granado (roteirista) e fizeram uma pesquisa histórica muito rica sobre o período do ex-goleiro nos gramados, aí ficou fácil para mim e o Tomires Ribeiro (diretor de fotografia) sentarmos juntos e criarmos as cenas de ficção misturadas com documentário, fiquei muito feliz ao ver o resultado.

Foi uma grande sorte ter esses caras do lado, torço muito para que o público embarque nessa história sobre o amor ao futebol.

Victor Hugo Cavalcante: Como você buscou capturar a grandiosidade do confronto entre Santos e Botafogo, um jogo que transcendeu a mera competição esportiva, no filme?

O Lalá descreve esse jogo como o maior jogo da carreira dele, tanto que no filme tem uma parte muito grande sobre essa história.

O ano era 59 e em 58 o Brasil foi campeão do mundo pela primeira vez, e todos queriam ver o Pelé, o menino que mudou o jeito de ver o futebol no mundo.

Nessa final, tinha nada menos do que seis titulares da Seleção Brasileira campeã do mundo na Suécia, um ano antes.

Entraram em campo naquele dia: Nilton Santos, Garrincha, Didi e Zagallo, pelo Botafogo; Zito e Pelé, pelo Santos.

Além do santista Pepe, que teria jogado a Copa caso não tivesse se machucado.

O Troféu Teresa Herrera era um torneio tradicional e um dos principais da época.

O torneio foi criado nos anos 40 e contava com a participação de apenas dois clubes, porém algumas edições já tiveram quatro.

Nessa época, os dois maiores times do mundo eram o Santos e o Botafogo, eram duas seleções.

O jogo aconteceu no Estádio Municipal de Riazor, em La Coruña, Espanha, para 40.000 pessoas e esgotado.

O Lalá foi titular nesse jogo, e vendo-o contar essa história nos leva ao dia do grande jogo, mas não quero dar mais spoiler, vão ter que assistir, mas no filme tem muitas passagens, como Pelé e o Lalá indo comprar um sapato e o Pelé fazendo uma promessa para o então goleiro, entre outras passagens.

Victor Hugo Cavalcante: Quais foram os momentos mais emocionantes ou surpreendentes durante as filmagens, especialmente ao recriar cenas históricas de figuras lendárias como Pelé, Garrincha e Pepe?

Graças ao Santos F.C., tivemos acesso às imagens históricas deles que estão no filme, principalmente no jogo que valia o título do Troféu Teresa Herrera, vencida pelo Santos por 4 a 1 sobre o Botafogo na Espanha.

Mas confesso que foi emocionante ver o Pepe e o Lalá falando dos jogos, em uma passagem, inclusive, o Pepe disse que nas viagens do Santos para a Europa, eles jogavam em média uns 25 jogos em 40 dias.

Atualmente, isso seria impossível, e eles jogavam com times como Real Madrid, Barcelona, Inter de Milão, só times campeões, e ganhavam de alguns com goleadas.

Eu só consigo imaginar como seria se isso ocorresse hoje em dia.

Victor Hugo Cavalcante: Como o filme aborda a relação entre futebol e arte, e de que maneira essa conexão é explorada na narrativa?

Buscamos capturar no filme a essência dos momentos vividos por Lalá nos gramados.

Nosso diretor de fotografia, Tomires Ribeiro, criou cenas deslumbrantes que realmente emocionam, em colaboração com Jairo Mattos, um renomado ator brasileiro responsável pelas filmagens com drones.

Fizemos o possível para evidenciar a grandiosidade do Santos, um dos maiores clubes do Brasil, e acredito que essa magnitude está perfeitamente refletida no filme.

Estamos mostrando um personagem que fez história no maior esporte do mundo, o futebol, no maior clube do mundo na época, e estamos ansiosos para mostrar para o público esse filme.

Só tínhamos três personagens nesse filme: o Lalá de hoje, lembrando-se do Lalá criança (Davi Pierin) e de todos os seus sonhos, e o Lalá jovem (Gustavo Casanova), construindo uma carreira de sucesso.

Victor Hugo Cavalcante: Pode nos falar um pouco mais sobre a colaboração entre a Fraga Films, a Primeiro Olho Filmes e a Décimoitavo Produções na realização deste projeto?

Hoje em dia, você tem que escolher a dedo para quem pode levar sua ideia e desenvolver histórias que acredita que vão ser emocionantes.

Para mim, é fácil falar desses dois caras que estão do meu lado nos últimos anos e acreditam nessas histórias.

A Décimoitavo Produções, liderada pelo roteirista Leonardo Granado, começou seus projetos conosco em 2016, quando fizemos o curta Bloody Boomerang, depois veio Ser ou não ser (2017), o meu primeiro longa-metragem de ficção intitulado SP crônicas de uma cidade real (2018) que venceu 42 prêmios, aí não paramos mais de fazer coisas juntos no cinema como, Fã número 1 que ele assina também o roteiro e produção ao meu lado e do Tomires Ribeiro e a Gabriela Wazlawick.

Com a Primeiro Olho Filmes, de Tomires Ribeiro, realizamos projetos incríveis juntos.

Entre eles, estão os longas-metragens O Artista e a Força do Pensamento (2021), que Tomires montou comigo, e Linha de Frente Brasil (2021), um projeto desafiador em que Tomires também montou, fotografou e produziu.

Trabalhar no meio da UTI de Covid-19, sem vacina, foi um grande risco, mas foi nesse projeto que percebi que Tomires era alguém com quem eu queria continuar trabalhando.

Além desses, colaboramos em curtas como Fã Número 1 (2023), que conquistou 22 prêmios; Entes Paralelos (2020); Diário de Isolamento 121 (2020), que recebeu quatro prêmios; e em produções teatrais online como Camus e o Teólogo — Um Encontro Improvável (2023), baseado na obra de Howard Mumma; Propriedades Condenadas (2021), inspirado em Tennessee Williams; e Sofisma (2021), baseado em Edgar Allan Poe.

Então, fazer o Ninguém é Campeão Sozinho com esses caras é só diversão, já que trabalhamos juntos há muito tempo.

Victor Hugo Cavalcante: Como você acredita que Ninguém é Campeão Sozinho contribuirá para a preservação e valorização da história do futebol brasileiro?

Acredito que este filme permitirá ao público conhecer mais profundamente um dos muitos personagens notáveis do nosso futebol brasileiro.

O título do filme é emblemático: o futebol é um esporte coletivo, e mesmo com jogadores icônicos como Pelé, Pepe e Coutinho formando o ataque poderoso do Santos, havia outros oito jogadores fundamentais para o sucesso do time.

A vitória é um esforço conjunto de equipe, comissão técnica e diretoria.

Lalá sempre nos lembrava que ‘ninguém é campeão sozinho’, uma frase que ficou marcada em minha mente.

Ele é um exemplo de alguém que saiu de uma pequena cidade no Paraná com o sonho de jogar no maior time do mundo na época, o Santos.

Um versículo bíblico que sempre me inspira é: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu’ (Eclesiastes 3:1)”.

Chegar aos nossos sonhos é desafiador, e Lalá alcançou o seu.

Por isso, estamos compartilhando sua história para que o Brasil e o mundo conheçam e celebrem personagens icônicos como Lalá.

Victor Hugo Cavalcante: O que o público pode esperar em termos de emoção e narrativa ao assistir Ninguém é Campeão Sozinho, e como você espera que eles se conectem com a história de Lalá?

O futebol, por si só, já é um esporte mágico, e o brasileiro tem uma paixão imensa por ele.

Na época, o Santos contava com o maior jogador do mundo, Pelé, que era amigo de Lalá.

Eles compartilhavam quartos, como aconteceu na final da Taça Tereza Herrera, e essas histórias se tornam eternas em nossa memória.

Estou certo de que o público vai se encantar com este senhor que está prestes a completar 90 anos e que nos presenteou com relatos incríveis de sua vida.

Assistam e divulguem quando lançarem o filme Ninguém é Campeão Sozinho.

(Visited 78 times, 1 visits today)
Close
Pular para o conteúdo