O Encontro Estéticas das Periferias, uma das mais relevantes mostras de arte e cultura periférica da cidade, chega à sua 14ª edição em 2024.
Desde sua primeira edição em 2011, o evento tem se estabelecido como uma plataforma essencial para a valorização das expressões culturais das bordas da metrópole paulistana, promovendo uma rica troca entre coletivos e comunidades locais.
A edição deste ano, que acontecerá em parceria com 45 coletivos culturais de 25 territórios da metrópole, irá abordar o tema Culturas nordestinas e indígenas nas periferias de São Paulo.
O encontro evidencia a contribuição das culturas nordestinas e indígenas, frequentemente marginalizadas, através de uma programação descentralizada e territorializada.
Para dar início, no dia 28 de agosto, o espetáculo Clariô no Estéticas: Veredas indigenordestinas das quebradas de São Paulo abrirá o evento e celebrará a cultura afro-indígena do sertão do Cariri cearense, conectada às experiências das periferias paulistanas no Sesc Vila Mariana.
Já o Ciclo de Debates: Semeando o futuro e revelando o passado, mergulhará nas raízes da favela para ilustrar como o encontro de lutas e imaginários dos povos indígenas, negros e nordestinos moldou culturalmente as comunidades periféricas de São Paulo.
O Ciclo acontece no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.
Entre outros destaques da Programação, está a abertura da exposição de Auá Mendes, que conta com o lançamento do documentário Raízes Indígenas da Favela, no Espaço Cultural Periferia no Centro, sede da Ação Educativa, no dia 4 de setembro.
O registro retrata de maneira emocionante uma parte da história da luta dos povos indígenas do nordeste que construíram suas moradas nas favelas de São Paulo.
Nos dias 31 de agosto e 01 de setembro, no Instituto Moreira Sales, acontece o Torneio de Slam, um campeonato de poesia falada de times formados por poetas frequentadores de slams, organizado desde 2017 pelo Encontro Estéticas das Periferias, da Ação Educativa, com curadoria de Emerson Alcalde.
O torneio pretende mostrar um panorama da produção periférica por meio da poesia falada, e este ano terá equipes de São Paulo e de cinco outros estados dando um caráter nacional à competição.
Um bate-papo bem interessante sobre culinária entre o renomado chef Rodrigo Oliveira (Restaurante Mocotó) e a líder indígena Jerá Guarani (Aldeia Kalipety) discutirá as raízes indígenas na culinária nordestina, oferecendo uma visão profunda sobre a interseção entre essas culturas.
O evento também destacará a presença e a resistência dos povos indígenas nas periferias de São Paulo, incluindo as duas terras indígenas localizadas na cidade: Jaraguá e Parelheiros, considerando a sua contribuição cultural e social, e resiliência frente aos desafios impostos a essas comunidades.
Segundo a cientista social e comunicadora indígena Naia Vitória, a arte sempre desempenhou um papel fundamental nas favelas paulistanas.
“O Encontro será um espaço para explorar como as tradições e lutas dessas comunidades continuam vivas através de várias formas de expressão artística, incluindo gastronomia, música e performance”.
Eleilson Leite, coordenador da área de Cultura da Ação Educativa, organização realizadora do evento, comenta sobre a importância da iniciativa.
“O Encontro Estéticas das Periferias reafirma seu compromisso com o fortalecimento da produção cultural local e a promoção de um panorama diversificado e inclusivo da arte periférica paulistana. A edição de 2024 busca não apenas celebrar essas culturas, mas também estimular uma reflexão profunda sobre suas contribuições e desafios”, revela Leite.
Além disso, o evento contará com a participação de parceiros estratégicos como Sesc, IMS, Museu Casa das Rosas, Fábricas de Cultura, Itaú Cultural, Restaurante Mocotó, e as secretarias de cultura do município e do Estado de São Paulo, além do apoio do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC) e do Ministério da Cultura.
A programação do encontro pode ser conferida no site oficial do evento.