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Mercado de Trabalho para PcD: Os Desafios da Inclusão na Economia Brasileira

Economista Thiago da Costa escreve artigo sobre o desafiador panorama da inclusão no mercado de trabalho brasileiro para pessoas com deficiência e suas disparidades significativas.

O panorama do cenário da inclusão no mercado de trabalho brasileiro mostra que as pessoas com deficiência têm menos oportunidade e menor acesso ao trabalho, refletindo um enorme desafio, que revela uma realidade dura, complexa e preocupante que vem à tona com os dados do Censo do IBGE 2022/2023 e da pesquisa da Pnad Contínua 2022.

Apesar dos avanços na legislação, notadamente com a Lei de Cotas (Lei n.º 8.213/91) que completa mais de três décadas, persiste uma disparidade notável entre trabalhadores com e sem deficiência.

Segundo os dados revelados, a taxa de participação na força de trabalho das pessoas sem deficiência atingiu expressivos 66,4%, enquanto entre as pessoas com deficiência, essa taxa era de apenas 29,2%.

Essa desigualdade é evidente mesmo entre os profissionais com nível superior, com uma taxa de participação de 54,7% para pessoas com deficiência e impressionantes 84,2% para as sem deficiência.

Essa taxa de participação é uma métrica a ressalva a sua importância para entender a inclusão ou presença das pessoas com deficiência dentro da economia e no mercado de trabalho.

A disparidade se aprofunda quando consideramos o nível de ocupação.

Apenas 26,6% das pessoas com deficiência estão ocupadas, menos da metade do percentual encontrado para pessoas sem deficiência, que alcança 60,7%.

Essa discrepância é um reflexo da dificuldade enfrentada pelos trabalhadores com deficiência em encontrar oportunidades no mercado de trabalho.

Isso ressalta a necessidade de medidas adicionais para promover a inclusão e igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para pessoas com deficiência.

Um dos pontos mais alarmantes é a alta informalidade entre as pessoas com deficiência.

Cerca de 55% das pessoas com deficiência que trabalhavam, estavam na informalidade, enquanto, entre as pessoas ocupadas sem deficiência, esse percentual foi de 38,7%.

A informalidade representa não apenas a falta de garantias trabalhistas, mas também salários mais baixos e menos estabilidade.

Além disso, a disparidade salarial é bastante gritante, fazendo que as pessoas com deficiência se submetam ao subemprego.

Esse fenômeno do subemprego é uma situação dura da realidade que impacta negativamente não somente a vida de muitos trabalhadores com deficiência, mas também acaba impactando o desenvolvimento econômico.

O subemprego ocorre quando, devido a fatores como preconceito e estigma, esses profissionais aceitam salários muito abaixo do que seria justo, simplesmente para garantir uma fonte de renda.

Isso cria uma disparidade salarial significativa entre pessoas com e sem deficiência que executam o mesmo tipo de trabalho.

O rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas com deficiência foi de R$1.860, enquanto o rendimento das pessoas ocupadas sem deficiência era de R$2.690.

Essa diferença reflete não apenas uma injustiça econômica, mas também a necessidade de medidas concretas para promover a igualdade salarial e a inclusão de profissionais com deficiência.

É o momento essencial da nossa economia e da nossa sociedade procurar cada vez mais a conscientização da inclusão e a equidade no aspecto de construir uma economia inclusiva, é fundamental abordar esses desafios persistentes no mercado de trabalho para pessoas com deficiência.

A legislação existente é extremamente importante e já houve evolução no Brasil, embora um passo na direção certa, ainda não se traduziu plenamente em igualdade de oportunidades e salários justos.

Superar o capacitismo estrutural e criar um ambiente mais inclusivo no mercado de trabalho deve ser uma prioridade para o Brasil.

A inclusão de pessoas com deficiência não é apenas uma questão de justiça social, mas também um imperativo econômico para um país que busca um crescimento inclusivo e sustentável.

Mais sobre o autor

Thiago da Costa é um economista de 34 anos formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, em Juiz de Fora — MG.

Apesar de enfrentar desafios devido à paralisia cerebral, Thiago não se deixou deter por obstáculos e trilhou um caminho notável.

Em suas colunas econômicas que ele se propôs a escrever, representando sua estreia nesse mundo desafiador, Thiago não se contenta com a análise econômica convencional, ele acredita na importância da inclusão das pessoas com deficiência no mundo do trabalho e seu impacto econômico.

Ao oferecer uma análise conjuntural dos eventos econômicos no Brasil e no exterior, Thiago traz um olhar diferenciado e inclusivo e se esforça para não apenas compreender os eventos econômicos, mas também identificar as oportunidades e desafios que se apresentam.

Além disso, seu objetivo é claro: destacar o potencial frequentemente subestimado das pessoas com deficiência no contexto econômico.

A inclusão econômica é o cerne da sua coluna, onde ele destaca como a diversidade e igualdade de oportunidades são essenciais para o desenvolvimento econômico sustentável.

Thiago aborda políticas públicas, iniciativas privadas e histórias inspiradoras que evidenciam como a inclusão das pessoas com deficiência não apenas enriquece a sociedade, mas também impulsiona o crescimento econômico.

Sua dedicação à causa da inclusão econômica é uma inspiração para todos que o conhecem e seguem seu trabalho.

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