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Jovem paraplégico inspira e treina time de basquete

Jhon Henrique serve de inspiração para os dez alunos do projeto do Coletivo Inclusão, que hoje treinam três vezes por semana e sonham em compor time.

Foto de Jhon Henrique, treinador e atleta projeto de Basquete em Cadeira de Rodas do Coletivo Inclusão.

A vida de Jhon Henrique de Paula Oliveira (foto principal) mudou de maneira drástica e inesperada quando ele tinha nove anos, em 2015.

Voltando para casa, no bairro Nações em Fazenda Rio Grande, Região Metropolitana de Curitiba, após uma tarde de atividades em um projeto de contraturno escolar, Jhon foi vítima de um trágico incidente que deixou marcas profundas.

Uma bala perdida, disparada sem rumo em meio à violência cotidiana, encontrou destino nas costas do menino, interrompendo sua trajetória infantil com brutalidade.

A espera pela ambulância pareceu uma eternidade, foram 40 minutos de angústia e desespero.

Os dias que se seguiram no hospital, somando 22 ao todo, foram marcados por incertezas e dores, tanto físicas quanto emocionais.

A recuperação em casa, que se estendeu por longos meses, foi um período de luta constante, onde cada pequeno progresso era uma vitória e cada revés, um desafio a ser superado.

O incidente que deixou Jhon paraplégico poderia ter sido o fim de muitos sonhos, mas para ele foi o início de uma nova jornada.

A paixão pelo esporte, especialmente pelo basquete, encontrou nele uma força ainda maior.

Com a ajuda da família, especialmente de sua mãe e grande incentivadora Eliane, e de um organismo que respondeu aos estímulos dos exercícios e da fisioterapia, John é hoje um atleta destacado, defendendo o Estado do Paraná em campeonatos paraesportivos com orgulho e garra.

Mais do que um campeão nas quadras, Jhon, atualmente com 19 anos, se tornou uma fonte de inspiração para todos que o conhecem, especialmente os jovens como ele.

No projeto de Basquete em Cadeira de Rodas do Coletivo Inclusão, ele é a prova viva de que, apesar das adversidades, a determinação e a paixão podem superar qualquer obstáculo.

“Quando eu tinha 10 anos minha mãe me fez subir uma ladeira com a cadeira de rodas, sem que meus irmãos me ajudassem. Subi chorando, mas depois eu entendi o que ela queria me ensinar. Tento passar isso para os alunos: a vida não é doce. Você tem de ser independente”, afirma Jhon, que defende o time Leões do Iapó, de Castro, mas sonha em integrar a Seleção Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas

“O Jhon é um jovem muito forte, de muita garra. Tem uma história de vida que faz ele ser uma inspiração para outros jovens com e sem deficiência”, comenta Carol Rossi, uma das gestoras do Coletivo Inclusão, que acompanha o projeto de perto.

Capitão do time

O também gestor do Coletivo Inclusão e coordenador do projeto do Basquete em Cadeira de Rodas, Matheus Vitto conta que conheceu Jhon por meio da Secretaria de Esporte de Fazenda Rio Grande, que no passado teve um projeto semelhante.

“Por isso, tivemos a ideia de retomar o projeto em parceria e chamar o Jhon como prestador de serviços do Coletivo Inclusão, responsável por comandar os treinos em conjunto com o professor Luiz Henrique. Ele é o responsável por organizar o contato e logística com os atletas, organizar e fazer a manutenção das cadeiras e aplicar a metodologia de treinos no dia-a-dia. Também atuará em nosso time, é nosso capitão”, afirma Vitto.

Como todo esporte, o Basquete em Cadeira de Rodas tem especificidades.

Os alunos passaram por uma avaliação, sendo divididos entre iniciantes, que nunca ou pouco tiveram contato com o esporte, e os que já tinham algum contato.

As aulas começam com treinos de aquecimento, que consistem em correr com a cadeira de rodas, frear e voltar, simulando os movimentos do jogo.

Na sequência os iniciados passam a treinar os arremessos e os iniciantes fazem exercícios como bater a bola no chão.

Alguns já surpreenderam os espectadores e familiares com seus movimentos.

“Não é um esporte fácil, é difícil dominar a condução com a bola”, acrescenta John.

O projeto do Basquete em Cadeira de Rodas é realizado pelo Coletivo Inclusão, em parceria com a Secretaria de Esporte do município de Fazenda Rio Grande, que cede o Ginásio Poliesportivo Veneza para as aulas, um funcionário responsável pela coordenação técnica e as cadeiras de rodas.

O Coletivo é responsável pelo transporte adaptado dos atletas, a remuneração do treinador e os equipamentos de segurança.

A intenção é formar um time que represente o município de Fazenda Rio Grande em competições.

“Quero time de alto rendimento, para receber medalha. Esse é o meu foco”, projeta Jhon.

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