Written by 11:19 Notícias, Política Views: 14

Instituto [SSEX BBOX] e governo federal iniciam parceria para Projeto de Letramento

Movimento pelas linguagens neutra e inclusiva inicia parceria que promove acolhimento, inclusão, diversidade, equidade, pertencimento e combate ao discurso de ódio.

Nos dias 8, 9, 10 e 13 de março, o Instituto [SSEX BBOX] e a [DIVERSITY BBOX] consultoria especializada em DEI&P (Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento) com mais de uma década no Brasil, reuniram-se com representantes do governo em Brasília, para realizar workshops de letramento destacando a importância da educação sobre os temas de gênero, sexualidade, população LGBTQIAP+, raça, etnia e pessoas com deficiência, por meio de ferramentas e conteúdos educacionais.

O Ministério dos Direitos Humanos, liderado por Silvio Almeida, que tem em sua pasta as linguagens neutra e inclusiva como um dos principais temas desde o início da gestão do governo Lula, foi um dos contemplados.

É sabido que o letramento é importante porque promove a inclusão, a igualdade e a equidade de gênero e também ajuda a combater a discriminação e a exclusão de grupos invisibilizados socialmente.

Em sua passagem pelo Distrito Federal, o Instituto [SSEX BBOX] teve uma produtiva agenda de encontros com a ativista Symmy Larrat, secretária Nacional dos Direitos da População LGBTQIA+, abrindo frentes de negociação e posicionamento.

Um dos objetivos do letramento foi consolidar a missão do Instituto [SSEX BBOX], como criadores do Sistema ILE, que utiliza a inclusão da desinência ‘E’ no final das palavras e designada hoje como linguagem neutra ou não binária na língua portuguesa.

Como parte desse movimento que integra as lideranças unidas no mesmo propósito, foi preciso que algumas atividades acontecessem de dentro para fora.

O governo entende que, se dentro de casa a orientação não estiver definida, será ainda mais complexo expandir para âmbitos populares.

Prova disto foi a participação do Instituto [SSEX BBOX] como mentor e consultor na qualificação das equipes internas das áreas de pessoas colaboradoras do MDHC (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania), das áreas de comunicação, assessoria de imprensa, e as redes sociais oficiais do governo em Brasília.

Agenda do Workshop Letramento

No dia 8 de março foi realizada uma reunião sobre não binariedade e articulação para divulgação do conteúdo do Dossiê de linguagem Neutra e Inclusiva com Juma Xipaia, nomeada pelo presidente Lula como secretaria de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas.

Aos 24 anos, ela foi a primeira mulher a se tornar cacique no Médio Xingu, liderando a aldeia Tukamã.

Juma defende a igualdade de gênero, a autonomia dos povos indígenas e desempenha um papel importante contra a cooptação e corrupção.

Como explica o Dossiê de linguagem Neutra e Inclusiva, o tema de linguagem neutra tem ligação direta com os povos indígenas e terá espaço garantido na pasta da Ministra dos Povos Indígenas do Brasil Sonia Guajajara.

O dia 9 de março também foi de grande importância para os especialistas do Instituto [SSEX BBOX] e da [DIVERSITY BBOX] consultoria em DEI&P.

O time realizou o workshop de comunicação inclusiva, linguagem neutra e inclusiva com base no Dossiê de linguagem Neutra e Inclusiva, cujo objetivo foi capacitar entidades da ONU, como Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), ONU Mulheres, Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Organização Internacional para as Migrações (OIM), ONU-Habitat, Programa Mundial de Alimentos (PMA), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), totalizando um grupo de nove entidades.

No dia 10 ocorreu o workshop de linguagem neutra e inclusiva com uma roda de conversa sobre masculinidades, em parceria com a Mostra Internacional Drag King Queer e com apoio do Distrito Drag, um coletivo de drags em Brasília.

Leonardo Lima esteve entre os convidades (homem trans e coordenador da secretaria LGBTQIAP)assim como Drag King Queer Cidão Furacão de Van Marcelino (pessoa trans não binária, queer e diretore dos projetos do Instituto [SSEX BBOX] e COO da [DIVERSITY BBOX] consultoria em DEI&P) e Pri Bertucci (educadore, pesquisadore e especialista em gênero e diversidade há mais de duas décadas, fundadore do Instituto [SSEX BBOX], CEO da [DIVERSITY BBOX] consultoria em DEI&P, e cocriadore da linguagem neutra no Brasil; Sistema Ile).

A missão do Instituto [SSEX BBOX] a da [DIVERSITY BBOX] consultoria especializada em DEI&P, finalizou no dia 13 com a realização de um letramento interno como introdução para uso da linguagem neutra e inclusiva institucional.

A ação foi de extrema importância para elucidar dúvidas das pessoas colaboradoras do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), principalmente dos que lidam diretamente com as redes sociais oficiais do governo federal.

“Tudo o que é novo assusta. Foi dessa forma no início dos trabalhos sobre o tema no Brasil, conduzido por Pri Bertucci nas conferências internacionais da [DIVERSITY BBOX], nas quais participei de várias edições. E esse ‘novo’ ainda assusta. Nossa sociedade está acomodada na convivência com o patriarcado. Quando o debate da linguagem neutra surgiu em meados de 2014, muita gente desacreditou da sua potência, mas não esperavam que tanta gente se adequasse não só por modismo, mas, por ser acolhida pela estratégia. Não é para se sobrepor a outra linguagem de gênero e antissexista já conquistada e, sim, para somar ampliando o acolhimento linguístico. O manual chega em excelente momento para a história do movimento LGBTQIAP+”, destaca Symmy Larrat, secretária Nacional dos Direitos da População LGBTQIA+ e diretora-executiva da ABGLT.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a linguagem neutra e inclusiva não se trata de um modismo linguístico, mas historicamente é preciso relembrar que o Brasil passou por uma série de transformações que impactaram a língua portuguesa, as quais muitas pessoas não tiveram acesso à verdadeira história, ou se esquivam de tal conhecimento.

Vale recordar que antes de o país ser colonizado pelos portugueses, a identidade de gênero para pessoas indígenas não era apenas binária.

Com a colonização, o Brasil foi tomado por uma liderança cisheteropatriacal, com um sistema sociopolítico onde homem, hétero e cisgênero tem supremacia e hegemonia sobre outros gêneros, e outras orientações afetivo-sexuais.

A partir desse contexto, crescemos em uma sociedade onde os conceitos e valores são baseados não só na cultura do homem como superior, mas na cultura da branquitude, a supremacia cultural branca, machista e eurocentrada, ou ainda aquilo que pode ser chamado de identidade racial das pessoas brancas, em uma sociedade racializada.

E, por isso, a linguagem neutra ou não binária ressurge para lembrar a história apagada pala colonização e ensinar sobre o respeito as identidades de gênero e os pronomes de todes.

Assim como todas as pessoas cisgêneros têm seus pronomes de gênero respeitados naturalmente, logo, pessoas transgênero binárias e não binárias também precisam de respeito e representatividade.

Saber os pronomes de gênero escolhidos ao falar com alguém é um sinal de acolhimento, empatia e respeito.

Na linguagem neutra se utiliza a desinência ‘E’ no final das palavras e é um grande exercício de pensar a fonética e a flexão.

Para Pri Bertucci, cocriadore da linguagem neutra na língua portuguesa, essas mudanças não são nada passageiro ou modismo, se trata de estudar os contextos históricos relevantes.

“Mais do que alterar vogais em pronomes de uso coloquial, a linguagem neutra tem uma importância fundamental na comunicação. Hoje na internet existem inúmeras e perigosas desinformações sobre esse assunto emergente no qual muita gente quer falar e pouca gente conhece de fato. Palavras tem poder, as palavras que usamos para nos comunicar são mais que simples palavras, são uma conexão direta com os neurônios do nosso cérebro. O que nosses ancestrais indígenas nos dizem é que a linguagem usada para transmitir a vibração acústica secreta da linguagem é realmente onde está a ação. É a ferramenta de Tecnologia de Informação de todas as Eras, e pode ser usada desde os tempos primitivos para mover o mundo”.

Com base no Dossiê de linguagem Neutra e Inclusiva, podemos entender que a comunicação inclusiva, a linguagem inclusiva e a linguagem neutra são três abordagens diferentes para promover a igualdade de gênero e a inclusão social em comunicações escritas ou faladas.

A comunicação inclusiva é uma abordagem que procura incluir todas as pessoas, independentemente de seu gênero, orientação afetivo-sexual, raça, entre outros marcadores identitários.

Ela busca evitar o uso de termos e expressões que possam excluir ou marginalizar determinados grupos de pessoas negras, pessoas indígenas, mulheres, pessoas LGBTQAP+ e pessoas com deficiência. 

Já na linguagem inclusiva ou também conhecida como linguagem não sexista, não existe alteração na ortografia das palavras, apenas a alteração de termos como “todas as pessoas”, ao invés de “todos”.

A linguagem neutra ou não binária, no que lhe concerne, é uma abordagem elimina a distinção de gênero em palavras e expressões, de modo que não haja palavras ou expressões que se refiram especificamente a homens ou mulheres.

Nessa abordagem, é comumente realizada a alteração da ortografia das palavras, usando a desinência ‘E’ no final das palavras, como; “todes, juntes, convidades, amigues”, e assim por diante. A inclusão da desinência ‘E’ é proposta pelo Sistema ILE e designada como linguagem neutra ou não binaria na língua portuguesa.

Também existe o uso de pronomes de gênero neutro em português para se referir a pessoas não binarias e aos coletivos de pessoas sem flexão no masculino, como; “ile/dile” e “elu/delu”. 

Embora haja semelhanças entre as duas abordagens, em não generalizar sempre no gênero gramatical masculino, a linguagem inclusiva e a linguagem neutra são distintas, ambas são importantes para promover a igualdade e a inclusão, e a escolha de qual abordagem utilizar depende do contexto e dos objetivos da comunicação.

Veja os principais cliques do momento:

(Visited 14 times, 1 visits today)
Close
Pular para o conteúdo