O alinhamento de discurso, o que eu falo e o que eu faço, é algo que serve para a vida inteira, pois contém meus princípios e valores, revela minha personalidade e a confiança que as pessoas podem ter em mim.
Quando ações e fala estão alinhados, consequentemente o discurso se alinha, pois o discurso é exatamente o que você fala alinhado com o que você faz.
A pessoa que possui um discurso coerente, fala e age conforme com o que pensa.
Num programa como o Big Brother Brasil é imprescindível que a pessoa exerça um alinhamento de discurso, para não passar a imagem de que é falsa e de que não está demonstrando seus verdadeiros valores.
Para a especialista em comunicação, Fran Rorato (foto principal), num programa onde os participantes são vigiados 24 horas por dia a atenção deve ser redobrada.
“O que a gente mais vê, não só no BBB, mas também na vida profissional e na vida pessoal, entre relacionamentos, amizades, etc. são pessoas que falam e agem de maneiras antagônicas, e muitas vezes elas não percebem esse contraste, só notam quando são advertidas por alguém, o que é normalmente recebido com espanto. Pensando no Big Brother, com câmeras por todos os lados, o participante deve ingressar no programa com isso em mente: alinhar falas e ações. Do contrário, vai passar a imagem de que é uma pessoa falsa, que não age da forma como fala”.
A incoerência entre o modo de agir e o de falar pode ser proposital, como uma forma de manipulação.
“O participante pode estar utilizando a comunicação para manipular um cenário que, segundo seu pensamento, pode lhe ser favorável. Porém, quando o público percebe esse tipo de atitude, vista como falsidade, normalmente pune o participante com a eliminação dele do programa. O mais comum é que essas pessoas não têm muita empatia com o público. O que é agravado na percepção popular, quando esse manipulador age diante de outro participante mais fragilizado, ou alguém que tenha mais apelo popular”, analisa Fran.
Formação de casal – bom ou ruim
Os participantes Gustavo e Key Alves, que formaram o casal GusKey poderiam ter ido mais longe no programa, no entanto, protagonizaram vários momentos de discórdia.
Ficaram com a fama de jamais terem dito o que pensavam sobre seus adversários de forma franca e aberta, apenas pelas costas.
“Eles na realidade tentaram manipular um cenário, uma situação para que se dessem bem no final, porém são apontados como vilões exatamente por isso, ninguém compra esse tipo de personalidade, a essência do ser humano é a colaboração, então normalmente essas pessoas não se dão bem, pois, por mais espertas que elas sejam, uma coisa é a persuasão, outra coisa é a manipulação e quando vem a manipulação de fato as pessoas não abraçam esse cenário”.
Bruna Griphao – aceitação de críticas
Outra questão que deve ser considerada na comunicação, conforme aponta Fran Rorato, é relacionada a aceitação de críticas.
A participante Bruna Griphao é um exemplo.
Ela fala que os participantes devem aceitar os apontamentos feitos no jogo da discórdia, mas tem dificuldade em receber as críticas quando são dirigidas a ela, rebatendo-as com surtos, xingamentos, etc.
“Os xingamentos são uma fragilidade da pessoa que xinga, é uma forma dela se blindar a respeito de qualquer problema que possa chegar nela. Uma pessoa assim, muito agressiva com as demais, tem uma enorme dificuldade em manter relacionamentos. Ela de antemão já vai menosprezar as outras pessoas para não arriscar ser desprezada, de ser xingada, então é uma forma dela bloquear possíveis brigas, um modo de se blindar contra o próprio veneno”.
Fred Desimpedidos – mudança de perfil
Por que vemos alguns participantes deixarem o lugar de mocinho para ocupar a cadeira de vilão?
Recentemente isso aconteceu com o participante Fred Desimpedidos, ex-marido da influenciadora Boca Rosa.
“O que pode acontecer normalmente é a gente perceber que não está conseguindo chegar em algum lugar e mudar o posicionamento, isso é muito comum, porém a questão a ser analisada é: os princípios e os valores permaneceram? É muito difícil você sustentar um personagem, porque você não consegue sustentar valores e princípios que não estejam alinhados com a sua verdade”.
Fran Rorato enfatiza que o BBB é um programa, sendo preciso ter cuidado inclusive em apontar alguém como se fosse um personagem fictício.
“A gente não sabe se realmente o que se passa ali são sempre 100% verdade. Por vezes uma edição pode originar uma percepção errada do público. E, por fim, às vezes as pessoas se expressam de um modo que não é o mais indicado, o mais assertivo, mas isso não significa que ela tenha perdido os valores, é apenas seu modo de se apresentar que pode ser melhorado com ajuda profissional”.