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O aumento de temperatura no Brasil entre os anos de 2000 e 2018 resultou na morte de aproximadamente 48 mil pessoas, de acordo com um estudo recente realizado por pesquisadores de sete instituições brasileiras e portuguesas, incluindo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de Lisboa.
Embora as ondas de calor sejam por vezes subestimadas em relação a outros eventos climáticos, elas podem acarretar sérias consequências para a saúde, associadas a problemas como insolação, desidratação e um aumento nos casos de infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral) durante as épocas mais quentes.
Doenças do calor
A clínica médica dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, Larissa Hermann, destaca que a maioria dos problemas de saúde relacionados ao calor excessivo está ligada à tentativa do organismo de manter a temperatura corporal adequada em relação ao ambiente.
“Essa compensação térmica pode resultar em desequilíbrio térmico, levando a complicações como desidratação, exaustão e insolação. Em casos extremos, pode até causar infarto e agravar algumas condições específicas, como o lúpus, que tende a piorar devido à exposição ao sol”, esclarece.
A alta temperatura também impacta diretamente na saúde cardiovascular.
“O calor afeta a saúde do coração, porque causa desidratação, o que pode resultar em uma série de problemas. Além disso, temperaturas muito elevadas podem alterar os vasos sanguíneos, afetando a pressão arterial, especialmente em pessoas que têm quadros de variações de pressão, podendo ocorrer uma queda mais significativa durante esse período”, exemplifica o cardiologista dos hospitais Universitário Cajuru e São Marcelino Champagnat, Gustavo Lenci.
Faixas de risco
Algumas faixas etárias têm a saúde especialmente afetada pelas altas temperaturas e podem sofrer com casos mais graves por serem mais sensíveis aos efeitos de mudanças bruscas do clima.
“Grupos mais vulneráveis, como idosos e crianças, têm de tomar cuidados redobrados, justamente porque eles têm uma sensibilidade maior à perda de água, e isso acaba facilitando o desenvolvimento de problemas causados pelo aumento excessivo das temperaturas”, expõe a médica.
Mas o alerta vale para todas as pessoas com condição prévia de saúde.
“Não só pacientes cardíacos, mas todas as pessoas com comorbidades sofrem mais risco em temperaturas elevadas. Isso porque uma pessoa saudável tende a se adaptar melhor às variações climáticas, tanto para o frio extremo quanto para o calor”, complementa o cardiologista Gustavo Lenci.
Cuidados a serem tomados
Hidratação adequada previne problemas de saúde como desidratação, infarto e AVC, causados pelo calor, por isso recomenda-se ingerir pelo menos dois litros de água ao longo do dia.
Além disso, é aconselhável proteger-se ao máximo do sol utilizando protetor solar e barreiras físicas, como boné, chapéu e roupas com proteção solar.
“Perdemos muita água ao tentar regular a temperatura do corpo, então, é muito importante manter a hidratação. Se possível, também é ideal evitar atividades físicas mais intensas, principalmente nos horários mais quentes ou em ambientes abertos com exposição ao sol”, finaliza Larissa Hermann.