Written by 09:10 Governança e Pautas de impacto social, Matérias do Folk Views: 0

Do cárcere à Medicina: a virada de Sirlene Domingues

Egressa do sistema prisional, Sirlene Domingues lança Lembranças do Cárcere, que traz um relato emocionante sobre fé, dor e superação.

Foto da escritora Sirlene Domingues.

Crédito da foto principal: Divulgação

Sirlene Domingues, mulher egressa do sistema prisional, mãe solo, farmacêutica e estudante de Medicina, acaba de lançar seu primeiro e-book, de uma série de três, Lembranças do Cárcere.

A obra é mais do que um relato autobiográfico — é um manifesto pela transformação, um testemunho cru sobre o sistema prisional brasileiro e um poderoso convite à empatia.

 “Este não é somente um livro. É um grito de resistência, uma confissão de dores e, sobretudo, uma declaração de fé na vida”, afirma a autora.

Com uma escrita direta e sensível, Sirlene revisita sua trajetória marcada por vulnerabilidade social, criminalização da pobreza, racismo estrutural e violências institucionais.

A primeira publicação percorre sua infância entre a fome e o abandono, a juventude interrompida pela maternidade precoce e o envolvimento com o crime — os assaltos a banco e a primeira passagem pelo cárcere, até o nascimento de seu segundo filho, quando a escritora estava em regime semiaberto, em 2001.

“Entre grades e lágrimas, encontrei a força para sonhar novamente”.

Foi durante o cumprimento da pena que ela descobriu a escrita e a leitura como ferramentas de cura e resistência.

Apoiada por outras mulheres encarceradas e movida por sua fé, deu início a uma jornada de recomeço.

Após sair da prisão, pela segunda vez, Sirlene se formou em Farmácia e, hoje, desafia as estatísticas ao cursar Medicina, um espaço tradicionalmente elitizado no Brasil.

“Minha presença na faculdade de Medicina é, por si só, um ato de resistência. Um lembrete de que a educação pode romper muros mais altos que os do presídio”, diz.

Lembranças do Cárcere vai além da denúncia ou do relato pessoal.

É também um instrumento de sobrevivência.

A renda obtida com a venda do e-book ajuda a autora a manter o sustento de suas filhas, garantir moradia e continuar sua formação acadêmica.

“Ao adquirir este livro, o leitor não compra somente páginas escritas, mas também ajuda a manter viva a possibilidade de uma mãe sustentar suas filhas, pagar o aluguel, colocar comida na mesa e continuar lutando por um futuro digno”, ressalta Sirlene.

O lançamento é um convite à reflexão sobre o sistema carcerário brasileiro, mas também sobre o poder da reinvenção.

É a prova de que a vida pode ser reescrita — com dignidade, coragem e apoio.

“Não nasci para ser estatística. Nasci para transformar a dor em palavra, a culpa em reflexão, a vulnerabilidade em coragem”, conclui Sirlene.

Continue navegando pelo Jornal Folk e descubra conteúdos que inspiram, informam e conectam diferentes realidades.

(Visited 1 times, 1 visits today)
Close