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2ª edição de Cartografias de Bambas celebra o samba

Nova etapa do Cartografias de Bambas em SP apresentará minidocumentário e publicação sobre reconhecimento da memória e da cultura do samba paulistano.

Roda de samba da Velha Guarda Musical do Camisa Verde e Branco, durante o lançamento da exposição do Cartografias de Bambas, em fevereiro deste ano.

No dia 12 de junho, o Anexo Godê, espaço cultural no centro de São Paulo, receberá o segundo evento do Cartografias de Bambas, projeto que celebra a memória e homenageia os sambistas ligados a Barra Funda e sua contribuição fundamental para o samba paulista.

Bamba é uma expressão brasileira que designa uma pessoa respeitada e experiente em sua área — neste caso, o samba.

A programação é realizada pela Iniciativa Negra — primeira organização negra dedicada a propor reformas nas políticas sobre drogas, segurança pública, e nos sistemas de justiça e saúde pública.

O propósito do evento é celebrar o encerramento da primeira fase do Cartografias de Bambas — que divulgou os baluartes da cultura local e representantes históricos do samba paulistano em uma exposição realizada em fevereiro deste ano.

Homenageados do Cartografias de Bambas durante a exposição de fevereiro, que marcou a primeira fase do projeto dedicado à memória do samba paulistano. Foto: Danylo Marttins.

Agora, vai reunir o público novamente para memorar os registros visuais dessa pesquisa pela valorização da história e da cultura do samba paulistano, além da influência dos sambistas da Barra Funda nesse movimento.

Visando propor uma vivência afetiva e coletiva através da exibição do minidocumentário produzido ao longo da pesquisa, será realizada uma roda de conversa que compartilhará os achados e as reflexões sobre a história dos sambistas da Barra Funda, além de intervenções poéticas.

Estarão presentes expositores ligados à cultura negra e haverá apresentação da Velha Guarda Musical do Camisa Verde e Branco, símbolo da tradição e resistência do samba na cidade, que preparou repertório especial para a data.

A sessão será aberta dia 12, às 18h, seguindo-se uma intervenção artística do poeta, educador e documentarista, Akins Kintê, às 18h30.

Em seguida, 18h45, será iniciada a mesa de debate Reflexões sobre os achados da Memória da Barra Funda, com mediação de Nathália Oliveira, socióloga, cofundadora da Iniciativa Negra e coordenadora geral do Cartografias de Bambas, e participações de Paulo César, doutor em sociologia e coordenador executivo do projeto e da pesquisa, Pedro Borges, jornalista fundador do portal Alma Preta Jornalismo, Bruna Imani, assessora de advocacy da Iniciativa Negra e do próprio Akins Kintê.

Às 19h45, será exibido um minidocumentário sobre o projeto intitulado Cartografias de Bambas.

Na sequência, às 20h, assumirá o espaço a Velha Guarda Musical do Camisa Verde e Branco, levando o samba de raiz da Barra Funda ao centro de São Paulo.

O encerramento da noite ficará com duas intervenções poéticas de Akins Kintê, às 20h50 e às 21h20. 

Em clima de Dia dos Namorados, data que coincide com a do evento, a campanha Beije sua preta no samba, beije seu preto no samba, idealizada pelo Movimento Negro Unificado (MNU), será o tema de toda a programação.

Nathália Oliveira, cofundadora da Iniciativa Negra e coordenadora geral do Cartografias de Bambas, reforça a importância desse movimento de resgate e preservação da memória como ferramenta de sobrevivência e de resistência do povo negro em tempos ameaçadores.

“Estamos acompanhando movimentos históricos pela gentrificação, a partir da violência e da criminalização de espaços e corpos negros, tais como as ações realizadas na Favela do Moinho, Cracolândia e tantos outros territórios violentados sob o argumento do combate a guerra às drogas, que entendemos ser uma pauta urgente no momento, ressignificar nossas vivências a partir do bem viver, da memória ancestral e da cultura. Revisitar essa história tomando como perspectiva principal sujeitos que dedicaram suas vidas a esse universo, também foi a maneira que encontramos de marcar o protagonismo desses griôs e a importância de suas trajetórias para as gerações que virão”.

Sobre o Cartografias de Bambas

O projeto tem caráter multidisciplinar e se baseia em pesquisas e entrevistas com figuras marcantes do samba da Barra Funda, reconhecendo o local como um território historicamente negro e sambista.

Entre os depoentes estão Paulo Henrique Correa, um dos fundadores da Velha Guarda Musical e da ala Velha Guarda do Camisa Verde e Branco, as primeiras de São Paulo, Simone Tobias, neta do fundador da escola, Zelão e Seu Ideval, compositores icônicos do samba e Tia Neide — que traçaram um mapa afetivo e cultural do samba paulistano, a partir de vivências, causos e memórias compartilhadas.

A Iniciativa Negra na Barra Funda

Em junho de 2024, a Iniciativa Negra estreitou laços com o território da Barra Funda por meio da abertura da Casa da Iniciativa Negra, localizada à Rua Conselheiro Brotero, 490.

O espaço físico solidificou o contato que a organização já estabelecia com o bairro, destino de encontros diversos para discussões políticas, acolhimento de ideais e fortalecimento dos pares.

Em tempos de crescente conservadorismo, a casa da Iniciativa Negra se propõe a ser um refúgio para ideias e ações promovidas por organizações e movimentos sociais interessados em construir coletivamente um futuro mais justo e inclusivo.

A Casa dispõe de estrutura adequada à realização de diversas atividades para pequenos grupos, tais como palestras, workshops, grupos de discussão, oficinas, imersões, formações e eventos culturais que sejam alinhados aos valores fundamentais da organização.

O Cartografias de Bambas é fruto de uma emenda parlamentar do mandato da deputada Leci Brandão e realizado em parceria com Alma Preta Jornalismo, Ponte Jornalismo e Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

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