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Masculinidade em crise sob o olhar de um clássico cult*

Lançado em 1999, Clube da Luta ressurge como espelho da masculinidade em crise e inspira debates sobre incels, violência e identidade masculina na internet.

Foto-montagem do autor do artigo.

Revisitando filmes: Clube da Luta e a nova crise da masculinidade

Escrito por Victor Hugo Cavalcante, jornalista, escritor e editor do Folk.

Clube da Luta, de David Fincher, é um daqueles filmes que nunca saem de cena.

Lançado em 1999, me marcou desde a primeira vez que assisti.

A trama de um homem entediado com a própria vida que encontra liberdade na dor física não só me provocou, como também me fez repensar o que entendemos por masculinidade.

Hoje, mais de 20 anos depois, vejo com outros olhos o impacto desse filme, especialmente nas redes sociais.

O que antes era uma crítica feroz ao vazio da sociedade de consumo e à busca incessante por status, tornou-se um ícone mal interpretado por parte de uma geração que enfrenta uma nova e profunda crise de identidade masculina.

A ascensão da cultura incel, homens que se dizem involuntariamente celibatários e que transformam essa frustração em ódio, é um dos sinais mais perturbadores desse novo cenário.

Em fóruns online, muitos desses jovens veem em Tyler Durden um símbolo de resistência e virilidade.

Mas será mesmo isso?

A pergunta que me faço é: como algo que pretendia denunciar a toxicidade da masculinidade se tornou um manual para perpetuá-la?

Talvez estejamos colhendo os frutos de uma cultura que não sabe lidar com a vulnerabilidade masculina.

Homens que não foram ensinados a sentir, a compartilhar, a se cuidar, apenas a dominar, competir, resistir.

Clube da Luta continua sendo um filme poderoso, mas hoje, para mim, ele também é um alerta.

Um convite a repensar os modelos que seguimos, os ídolos que cultuamos, as masculinidades que perpetuamos.

Não precisamos de mais Tylers Durden.

Precisamos de espaços para sermos homens mais humanos, menos violentos, mais conscientes de nossas emoções e do impacto que temos no mundo.

Ao revisitá-lo, me dou conta de que repensar a masculinidade é urgente.

Não como um ato de culpa, mas como um passo necessário para uma sociedade mais justa e equilibrada.

A luta, talvez, não esteja mais no porão de um bar, mas em nós mesmos.

*O título principal desta matéria foi adaptado para fins de SEO.

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