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SAYAL estreia nas plataformas digitais com música cover

Heba Hamid, escrita em 1975, apresenta reflexão sobre a violência e a injustiça que a banda SALE testemunhou em Beirute durante a guerra civil.

Imagem-montagem com capa do single de SAYAL.

SAYAL é uma banda autodefinida como de rock and roll metamoderna que circula pelo circuito underground do Rio de Janeiro e faz sua estreia nas plataformas digitais com o single Heba Hamid.

Tanto banda quanto música guardam histórias peculiares e saborosamente curiosas.

A gravação conta com Shipzy nos vocais, violão e guitarra; Virgulino na outra guitarra e teremim; Luiza no contrabaixo, O’Harold na bateria e Dani e Ricardo Richaid dividindo a percussão.

O lançamento é pelo selo Caravela Records.

A banda SAYAL

Esquerda para direita: Dani, Luiza, Shipzy e Virgulino. Crédito: Victoria Rodrigues

A trajetória de SAYAL é um tributo carioca à lendária banda canadense SALE.

Em 2023, a revista GQ descreveu o toque brasileiro de SAYAL no som clássico do rock de garagem da Nova Escócia, como uma revelação, enquanto a maioria das bandas de tributo simplesmente regurgitam fac-símile, SAYAL leva as músicas em novas direções; fazendo algo mais autêntico de forma contra-intuitiva, o que é, em última análise, uma personificação mais verdadeira do espírito SALE original dos anos 1970.

Em sua formação, a SAYAL traz Shipzy, Virgulino, Luiza e Dani.

Os quatro vivem, ensaiam e gravam juntos em uma casa flutuante na Baía de Guanabara.

O baterista original, O’Harold, foi perdido no mar em fevereiro de 2023 e continua desaparecido.

Heba Hamid: a história por trás da música

Segundo Desmond Escargot, no texto The Unofficial History of SALE, embora não tenha sido lançada até 1979, a inspiração para Heba Hamid veio quatro anos antes, quando a banda SALE se viu presa em Beirute, no início da guerra civil.

Conforme Escargot comenta, o baixista, Baddeck Goodman, se apaixonou por uma mulher libanesa durante sua turnê pelo Mediterrâneo, e com o vocalista Elliot Hurts, ansioso para visitar Al-Maghtas, o local sagrado em Betânia onde João batizou Jesus, fazia sentido para a banda ancorar o barco em que viajavam e ficar por ali.

Os detalhes sobre o que aconteceu a seguir são nebulosos, já que nenhum integrante jamais falou publicamente sobre, apesar de, durante este período intenso, terem sido geradas várias músicas essenciais para o cânone do SALE.

É crença popular que, na semana anterior à agitação civil, Baddeck fez uma viagem com a sua namorada libanesa ao distrito de Aley, a sudeste de Beirute, lar de uma elevada concentração de drusos, uma comunidade religiosa local, dos quais ela pode ter feito parte.

É improvável que o nome dela fosse Heba Hamid, embora Heba signifique um “presente” ou uma “bênção” em árabe.

No entanto, ela, com certeza, era um membro ativo do Partido Socialista Progressista (PSP), uma milícia associada aos drusos, e isso a levou à morte prematura quando um morteiro atingiu o carro em que ela viajava.

Em seu hotel em Beirute, Baddeck, escreveu o refrão seminal de Heba Hamid, em resposta a este evento horrível.

Tendo apenas a televisão como companhia e uma guerra a decorrer do lado de fora da sua janela, ele não teve outra escolha senão refletir sobre a justaposição entre a sua inocente infância burguesa e a sua situação atual, em que percebia que as famílias ao seu redor morriam de fome, enquanto os políticos permaneciam indiferentes.

Não há dúvida de que Heba Hamid é uma dialética entre um passado seguro e um presente caótico.

“Então, onde estava o resto da banda enquanto isso acontecia? Mais uma vez, isto está em debate. No entanto, sabemos que o seu barco foi apreendido desde o início da guerra e todos os estrangeiros estavam em prisão domiciliar”.

Ainda segundo Desmond, podemos presumir que Elliot chegou a Betânia, já que temos o subestimado lado B de SALE, Shiloh (Pequeno Jesus), como evidência, mas, além disso, pouco se sabe.

“Provavelmente, Rory Delaney e Frank encontraram trabalho como membros de uma banda de covers em um bar clandestino/bordel subterrâneo ilícito de Beirute, frequentado por altos oficiais do exército e dignitários. Assim, puderam usar os seus contatos para contornar a prisão. E como todos eles escaparam, bem, acho que isso é outra história…”, finaliza Desmond Escargot.

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