Isabel está passando por uma fase de grande desgaste na vida profissional e decide fazer um mergulho interno para se conhecer e se conectar verdadeiramente com a natureza ao seu redor.
Em O Caminho do Despertar: um convite ao acolhimento e à autonomia espiritual (Editora Labrador, 144 págs.), Ingrid Guerra Azevedo apresenta uma mulher bem sucedida como pesquisadora científica e acadêmica que, às vésperas dos 40 anos, a partir de práticas com as medicinais da floresta, inicia um processo de despertar espiritual, o qual culmina em um verdadeiro renascimento.
O lançamento do livro acontece em São Paulo, capital paulista, na Livraria Simples, em 13 de novembro, e em Natal, no Rio Grande do Norte, no Mahalila Café & Livros, no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.
A relação do latino-americano com o trabalho atualmente é bem representada na história de Isabel.
Segundo estudo da consultoria Gallup, o Brasil é o quarto país com mais profissionais tristes ou com raiva diária na América Latina, atrás de Bolívia, El Salvador e Jamaica.
Esses dados apontam que 46% dos brasileiros sentem estresse diariamente no ambiente de trabalho.
Entre os gatilhos apontados pela pesquisa, além de carga de trabalho excessiva, está também o isolamento e sensação de falta de apoio por parte da liderança.
Em O Caminho do Despertar, Isabel muda para o Chile a trabalho duas semanas antes de se iniciar a pandemia, experimentando uma nova forma de isolamento e solidão.
Sua busca por conexão contrasta com o frio e a falta de sol de sua nova morada.
A personagem intercala períodos de depressão profunda com o ceticismo em aceitar o que a espiritualidade lhe apresentava.
Curandeira de si: como a espiritualidade auxiliou na cura da depressão
Ingrid Guerra Azevedo começou a escrever O Caminho do Despertar após a cura de um episódio próprio de depressão, vivido em paralelo com a descoberta de sua espiritualidade.
“Quando me vi curada, achei que escrever sobre o que aprendi ajudaria outras pessoas”, aponta.
A partir da primeira página do livro, introdução escrita pela autora durante o Natal de 2023, a escrita fluiu com um ritual diário: todas as manhãs escrevia uma página após meditar.
Fisioterapeuta PhD, com longa experiência como docente e pesquisadora internacional, Ingrid é paulistana, mas cresceu em Natal, Rio Grande do Norte, onde morou até 2020.
A partir da pandemia da Covid-19, viveu três anos no sul do Chile e hoje vive em Itacaré, Bahia, assim como aconteceu com sua personagem Isabel no decorrer do livro.
Ingrid escreve desde criança e manteve diários sobre seu dia a dia e viagens até os 22 anos.
A partir da carreira acadêmica, inicia uma prolífica fase de colaboração em publicações científicas, com mais de 60 artigos escritos como autora ou coautora, desses 50 já publicados em três idiomas.
Com a escrita científica, já ganhou quatro prêmios em congressos internacionais em Milão, Madri e Barcelona.
O Caminho do Despertar é seu primeiro livro com narrativa não-científica.
A autora cita obras como Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkola Estés, e A Jornada da Heroína, de Maureen Murdock, como influências que ajudaram na escrita e no seu processo pessoal de aprendizagem.
Curiosa sobre os mistérios da vida, Ingrid também se dedica atualmente a integrar saberes científicos contemporâneos aos ancestrais, através de estudo de Xamanismo e Medicinas da Floresta.
Medicina contemporânea e ancestral para encontrar caminhos de cura
Para Ingrid, o livro pode ser definido em três temas centrais: autodesenvolvimento, saúde integrativa e espiritualidade.
A partir da trajetória laboral de Isabel, a autora reflete sobre escolhas de carreira, vínculos afetivos, saúde em vivências terapêuticas diversas.
“Ao mergulhar no seu autodesenvolvimento como ser humano, a personagem se despede de várias máscaras que usava para caber em convenções sociais”.
Esse processo de descoberta é fundamental para as decisões que Isabel passa a tomar em um caminho para uma vida mais leve e alinhada com a sua essência.
A autora comenta sobre enfermidades como síndrome de burnout, depressão e ansiedade generalizada.
No seu processo de cura, a personagem Isabel não utiliza apenas a medicina convencional, mas também recursos como meditação, ioga e outras terapias integrativas.
Ingrid explica que a espiritualidade percorre todo o enredo do livro, mas se revela a Isabel apenas quando ela começa a se despedir de suas dúvidas e aprende a acreditar na própria intuição.
“Somente depois de atravessar a noite escura da alma, de mergulhar para dentro de si e de suas questões, Isabel conseguiu se ver como alguém que estava apta a ajudar outras pessoas de maneira genuína”.
Por meio da trajetória de Isabel, Ingrid reflete como é possível construir uma nova maneira de viver e pensar a medicina contemporânea e a ancestral, de maneira complementar.
“A saúde não é composta somente do corpo físico e mental”, explica a autora, ao mencionar que existe muito além desses dois corpos, que, juntos, funcionam como uma engrenagem.
“Se um dos corpos, físico, mental, energético, espiritual, emocional, não funciona bem, os demais são afetados”.
No livro, Isabel se descobre como uma espécie de “cientista de si”, mas também aprende a se aceitar como sua própria curandeira ao revisitar suas dores e traumas.
Para Ingrid, foi uma escrita transformadora e aponta:
“Escrever esta obra foi gestar e parir Isabel, segurá-la nos braços, amamentá-la, vê-la engatinhar e agora, com o lançamento, vê-la dar seus primeiros passos”.
A autora espera que sua escrita auxilie, de alguma maneira, na transformação dos leitores perdidos em seus despertares espirituais, ou até mesmo aqueles que ainda não viveram ou que já passaram pelo processo de despertar espiritual.
Ingrid também espera continuar a escrever narrativas e artigos sobre saberes ancestrais e espiritualidade.
“Sinto que, em algum momento desta vida, chegará a sequência para O Caminho do Despertar”.