Written by 11:35 Matérias do Folk, Saúde, moda e bem-estar Views: 2

Mitos e verdades sobre o câncer colorretal

Oncologista esclarece oito dúvidas sobre o tumor, que, segundo o INCA, terá mais de 45 mil novos diagnósticos até o final de 2025.

Imagem ilustrativa de uma mãos egurando um laço azul simbolizando a campanha de conscientização ao câncer colorretal.

Com uma incidência crescente a partir dos 50 anos, o tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso, também chamado de cólon, ou no reto.

Vale lembrar ainda que o principal tipo é o adenocarcinoma e, em cerca de 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, tornando-se malignos.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é estimado que no triênio 2023–2025 haja 45.630 casos da doença em homens e mulheres a cada ano.

“Apesar de a doença muitas vezes ser silenciosa, o paciente deve observar se há alterações do hábito intestinal, tais como constipação, diarreia, afilamento das fezes, ausência da sensação de alívio após a evacuação (como se nem todo conteúdo fecal fosse eliminado), massas palpáveis no abdome, sangue nas fezes, dores abdominais, perda de peso sem motivo aparente, fraqueza e sensação de fadiga”, explica Artur Ferreira, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.

Entre os fatores de risco destacam-se: consumo de dietas ricas em alimentos ultra processados e pobres em vegetais, alto consumo de carnes vermelhas, sobrepeso e obesidade, inatividade física, tabagismo e a presença de doenças inflamatórias intestinais como a retocolite ulcerativa.

Fatores hereditários também são importantes, mas o especialista ressalta que eles exercem menor influência no surgimento do tumor colorretal do que as causas listadas.

Em boa parte dos casos, felizmente, o câncer colorretal é curável.

No entanto, é essencial que o diagnóstico aconteça precocemente, aumentando assim o sucesso do tratamento.

Por isso, é importante o rastreamento precoce, quando adequadamente indicado, para o tumor ser identificado em sua fase inicial.

“Diferentemente do câncer de mama, por exemplo, onde a doença é identificada com os exames de rotina, geralmente, em fase inicial, já instalado, o tumor colorretal pode ser descoberto em sua fase pré-cancerosa com a colonoscopia.

Uma vez diagnosticado, a equipe multidisciplinar irá avaliar cada caso individualmente, selecionando as estratégias e opções mais adequadas a cada paciente”, comenta o oncologista da Oncoclínicas São Paulo.

Os tratamentos para a neoplasia colorretal podem ser agrupados em dois tipos:

  • Tratamentos locais (cirurgia, radioterapia, embolização e ablação): agem diretamente no tumor, sem afetar o restante do corpo. Podem ser realizados nos estágios iniciais da doença ou ainda em metástases isoladas.
  • Tratamentos sistêmicos (quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo): neste grupo, incluímos as drogas orais (comprimidos) ou endovenosas (na veia), aplicando diretamente na corrente sanguínea. Agem de maneira global no organismo e podem ser indicadas tanto com o objetivo curativo quanto paliativo.

Embora seja bastante prevalente, o câncer colorretal ainda é motivo de muitas dúvidas que acabam criando crenças que não correspondem à realidade sobre a doença e podem inclusive atrapalhar o diagnóstico e o manejo.

A seguir, o Dr. Artur Ferreira esclarece os dez principais mitos e verdades sobre a doença:

Todas as pessoas com câncer colorretal precisam usar bolsa de colostomia — Mito

A colostomia (situação em que o intestino se exterioriza através de um orifício na parede do abdome para a eliminação das fezes) é uma estratégia utilizada apenas em alguns casos de câncer colorretal, por exemplo: após urgências médicas, como obstruções ou perfurações intestinais, cirurgias de emergência ou tumores localizados no canal anal, ou na parte mais baixa do reto.

Com a evolução das técnicas cirúrgicas e a otimização dos cuidados ao paciente, a probabilidade de uma pessoa necessitar de colostomia reduziu drasticamente.

Quando necessário, o procedimento é realizado com o intuito de permitir a eliminação das fezes para uma bolsa coletora de forma temporária ou permanente, a depender do caso.

A colostomia temporária é indicada quando a doença que acomete o cólon pode ser tratada e há expectativa de reconstrução do trânsito intestinal em um futuro próximo.

Já a colostomia definitiva é realizada quando o problema que bloqueia o trajeto intestinal não pode ser corrigido ou quando o tratamento cirúrgico envolve a remoção do ânus ou porção final do reto, tornando inviável a reconstrução do trânsito intestinal.

Quem tem intestino preso tem mais risco de desenvolver câncer colorretal — Depende

Em teoria, pode-se observar um risco aumentado do câncer colorretal em pacientes com intestino preso (constipação), pois tempos prolongados de trânsito do intestino podem aumentar o tempo de exposição da parede intestinal às substâncias que estimulam o surgimento do câncer presentes nas fezes (carcinógenos).

Além disso, a constipação altera a flora bacteriana local e pesquisas recentes sugerem que infecções intestinais por bactérias específicas podem aumentar o risco de tumores colorretais.

Porém, deve ficar claro que intestino preso não é um fator clássico de risco e os resultados acerca desta relação são conflitantes.

Merecem mais importância, neste contexto: idade, obesidade, sedentarismo, dietas ricas em carne vermelha e pobres em vegetais/fibras, diabetes e tabagismo.

Homens estão mais propensos a ter câncer colorretal — Verdade

A diferença não é tão grande (por isso não motiva diferenças nas diretrizes de rastreamento da doença consoante ao sexo), mas existe.

Em termos absolutos e ao nível mundial, indivíduos do sexo masculino são mais propensos a ter câncer colorretal.

A estimativa mundial para o ano de 2020 apontou cerca de 1,9 milhão de novos casos, cerca de 1,1 milhão de casos novos em homens e 800 mil casos novos em mulheres.

Se um pólipo for detectado, é certeza de que o câncer logo aparecerá — Mito

É fato que a maioria dos tumores colorretais surge a partir da transformação maligna de pólipos intestinais, mas apenas uma pequena parcela desses pólipos progredirá para tumores.

Por esse motivo, quando um pólipo é detectado no exame de colonoscopia, deve ser removido e analisado por um patologista.

Comer carne vermelha e carne processada em excesso pode levar ao câncer colorretal — Verdade

Dietas ricas em carne vermelha e em carnes processadas estão associadas a um maior risco de surgimento do câncer colorretal, conforme ratificado em relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2015.

Em números, entende-se por consumo excessivo desses tipos de alimentos o que passe de 100 gramas por dia de carne vermelha e de 50 gramas por dia de carne processada.

O ideal é que o consumo desse tipo de alimento seja limitado no máximo a duas vezes por semana e, nas outras refeições, substituído por carnes brancas, ovos, derivados de soja e outras fontes de proteína.

O câncer colorretal sempre apresenta sintomas, logo, se não houver dor na região, não é necessário se preocupar — Mito

Isso é válido não apenas para os tumores colorretais, mas também para todos os tipos de tumores de forma geral: a ausência de sintomas não significa ausência de doença.

Inclusive é importante destacar que nas fases iniciais, os tumores não costumam gerar sintomas e, quando presentes, eles podem ser confundidos com um mal-estar passageiro, como uma dor abdominal inespecífica, perda de peso sem motivo aparente ou alguma mudança no padrão de evacuação.

Por isso, é importante estar atento aos check-ups de rotina e respeitar as indicações de rastreamento orientadas pela equipe médica.

Algumas doenças inflamatórias podem aumentar o risco de câncer colorretal — Verdade

Entre os fatores relacionados ao surgimento de tumores colorretais, as doenças inflamatórias intestinais são causas bem conhecidas e associadas ao aumento do risco.

Nos casos de retocolite grave e extensa, por exemplo, o risco de desenvolvimento de câncer colorretal pode ser 5 a 15 vezes maior em relação à população geral.

É possível prevenir sempre — Mito

Dentre os fatores de risco do câncer colorretal, como dito anteriormente, é possível observar uma relação com os hábitos alimentares e de vida, além de condições prévias de saúde.

Como forma de prevenção, o oncologista reforça que é necessário seguir algumas orientações.

“Deve-se investir em uma dieta rica em fibras e uma menor ingestão de carnes vermelhas e processadas, praticar atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas e tabagismo e manter-se ativo fisicamente e com peso adequado. Além disso, é importante investigar se o paciente possui doenças inflamatórias intestinais crônicas, como a doença de Crohn ou colite ulcerativa, e, se presentes, tratá-las. A observação de todos esses pontos reduz certamente em muito o risco, porém não o elimina por completo”, finaliza Artur Ferreira.

(Visited 2 times, 1 visits today)
Close