A programação de exposições do Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta até 1 de setembro quatro exposições inéditas.
Na Sala Milú Villela, está George Love: além do tempo, primeira retrospectiva do artista, que reúne mais de 500 fotografias.
A Sala Paulo Figueiredo exibe a individual Santídio Pereira: paisagens férteis, com uma seleção de gravuras, xilogravuras e pinturas do artista piauiense.
Já a Sala de Vidro apresenta a instalação Lataria Espacial, do artista paraense Emmanuel Nassar.
No Projeto Parede, o público pode ver a obra Rizoma, trabalho de Rodrigo Sassi comissionado pelo MAM
Confira a seguir mais detalhes de cada mostra:
George Love: além do tempo
George Leary Love (1937–1995), fotógrafo afro-americano que desenvolveu uma trajetória extremamente prolífica no Brasil entre as décadas de 1960 e 1980, tem sua obra celebrada nesta que é sua primeira exposição retrospectiva.
Com curadoria de José De Boni, a mostra George Love: além do tempo traz para as vistas do público uma seleção do arquivo deixado por George Love (1937–1995), e conservado pelo curador, que também foi seu amigo, além de objetos relevantes de sua história, como diários, cartas e câmeras fotográficas.
Santídio Pereira: paisagens férteis
Com uma trajetória profícua em instituições brasileiras e mundo afora, Santídio Pereira traz à individual Paisagens férteis sua pesquisa em torno das imagens de biomas brasileiros, do Cerrado à Mata Atlântica, passando por paisagens que fizeram parte de suas vivências e carregando especialmente as observações que faz em meio à natureza.
Com curadoria de Cauê Alves, curador-chefe do MAM, a exposição reúne gravuras, objetos e pinturas de Santídio que trazem imagens de paisagens montanhosas e de plantas como bromélias e mandacarus.
Esses motivos nas obras do artista derivam de suas experiências imersivas nos biomas brasileiros, durante viagens em que se dispõe a observar a geografia e a vegetação com atenção.
Parte delas também são fruto das memórias da infância no Piauí que ele carrega consigo.
Emmanuel Nassar: Lataria Espacial
Aberta à interação do público, a obra remete aos trabalhos que o artista desenvolve desde os anos 1980, usando a geometria e cores de tons fortes.
Desde Recepcôr (1981), Nassar foi se afastando da pintura figurativa e passou a trazer para seus trabalhos uma discussão sobre a precariedade e sobre o sonho de novas tecnologias.
O trabalho que inaugura essa pesquisa é uma espécie de aparelho de alta tecnologia que receberia tudo aquilo que rondava a cabeça do artista.
Recepcôr é uma obra que não tinha apenas uma solução estética, mas também era funcional.
Em Lataria Espacial, Emmanuel Nassar constrói um jatinho particular inspirado no Phenom 300, um avião nacional de alta performance, um dos mais vendidos do mundo, desenvolvido e fabricado pela Embraer.
Na obra, toda essa modernização representada por esse avião é contrastada pela precariedade de uma instalação construída em pedaços, ligando chapas de zinco galvanizadas pintadas com esmalte sintético.
Rodrigo Sassi: Rizoma
Rizoma é uma instalação a qual o artista se refere como um “não mural”.
A obra, inspirada em murais modernistas, é composta por relevos de alvenaria fixados sobre a parede do museu e, conectados mutualmente, atingem uma escala que conflita com o recuo disponível para sua visualização, de certa forma indo contra propósitos e características de sua própria referência.
Para isso, Rodrigo Sassi idealizou uma nova pesquisa, propondo-se a realizar um trabalho diferente do que já é conhecido de sua produção, pensando nas especificidades do espaço onde ele será montado.
“Esta é uma proposta que foge dos padrões do meu trabalho, que deixa um caminho em aberto para novos desdobramentos, inclusive”, ele comenta.
Para esta instalação, Rodrigo Sassi agrega referências arquitetônicas muralistas à sua poética e prática de trabalho.
O artista traz a ideia de azulejos de Bulcão que têm continuações, apesar de serem diferentes um do outro, onde até nas rupturas existem composições que funcionam entre si.
O projeto é desdobramento de uma intervenção que o artista realizou no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto–MG, instituição que é parceira do MAM nesta mostra.