Written by 10:15 Cultura, Entretenimento e Esporte, Notícias Views: 4

Livro narra história de tragédia e vingança em tom neo-noir

HQ, uma narrativa ágil e sarcástica de Cláudio Sérgio Alves Teixeira, explora dramas humanos em um romance repleto de intensidade e influências dos quadrinhos.

Imagem-montagem com capa do livro HQ.

Cláudio Sérgio Alves Teixeira é leitor voraz desde criança e, ao longo da vida, sempre oscilou entre o mundo real e um imaginário.

Aos 50 anos, o promotor de justiça, natural de Guarulhos, na Grande São Paulo, lança o segundo livro.

Escrito diariamente ao longo de 18 meses, o livro HQ (320 págs.), publicado pela editora Labrador, é fruto da necessidade de extravasar uma história sobre uma jornada vingativa que influi sobre as amizades que a entornam.

HQ é contado por Rafaelle Nakamura, um sujeito aparentemente comum.

Dentista satisfeito, lutador amador e solteiro convicto, vive uma rotina sem grandes aspirações.

Tudo muda quando a brutal morte de Bianca, filha de um amigo, desencadeia uma série de eventos que transformam sua vida.

Entre encontros com figuras extraordinárias e revelações perturbadoras, Naka descobre que a realidade pode ser tão intensa quanto qualquer quadrinho.

Dimas, pai de Bianca, e o próprio narrador, são personagens que tentaram, de certo modo, negligenciar questões em busca de uma vida livre de preocupações.

Mas, abalados pela tragédia, começam a encarar os acontecimentos em um processo que possibilita compreender melhor a própria amizade.

Narrada com humor mordaz e sarcasmo, a trama de HQ também evoca atmosfera neo-noir.

Trata-se de um diário que acompanha os 21 dias que antecedem a tragédia no qual o escritor procura reconstruir, através da obsessão de Nakamura, os detalhes do acontecimento em uma história que, entre outros temas, reflete a impossibilidade de passar ileso a conflitos, dúvidas e tragédias impostas pela vida.

“Algo dentro de mim fervilhava e buscava o mundo externo, daí nasceu o romance”, finaliza o autor.

O autor Cláudio Sérgio Alves Teixeira. Crédito: Divulgação

Por meio de um vocabulário robusto e detalhista, Cláudio consegue conferir personalidade e substância a circunstâncias e personagens.

Mesmo aqueles que resvalam colateralmente na trama.

O autor define sua escrita como “um estilo claro e objetivo, sem descurar do sarcasmo e dos jogos de palavras”.

O fluxo narrativo estabelecido desde as primeiras páginas irá capturar a atenção do leitor até seu desfecho com o epílogo.

“Busquei a agilidade das histórias em quadrinhos, então há muita ação. Inclusive, a última palavra de cada capítulo é também a primeira do seguinte, uma forma de manter toda a trama encadeada e avançando sem perder o ritmo do que ocorria”.

Além da nítida reverência aos quadrinhos publicados por Alan Moore nos anos 80, o escritor, que apesar da formação em Direito, também já cursou Letras, carrega ainda em sua bagagem a influência de autores como o argentino Jorge Luís Borges, o brasileiro Rubem Fonseca e o americano F. Scott Fitzgerald.

Apesar de HQ se assemelhar ao gênero de romance policial, o autor não se prende a ele.

“Não há mistério nele, por exemplo, tudo é claro e narrado para o leitor. Não importam tantos fatos misteriosos a serem descobertos, mas sim a reação das personagens aos fatos trágicos”, explica.

O lançamento converge com Miragem, publicado em 2021.

No livro de estreia de Cláudio, uma jovem de invulgar beleza é igualmente encontrada morta.

O que dá início a uma jornada de reflexão em torno das crenças e valores do personagem e de quem os acompanha ao longo da leitura.

Hoje, o escritor está focado em prosseguir com a divulgação de Miragem e do recente lançamento.

Mas, tudo pode acontecer.

Ele conta que não tinha planos para um segundo livro, quando simplesmente começou a escrever e assim nasceu HQ.

(Visited 4 times, 4 visits today)
Close
Pular para o conteúdo