Você já parou para pensar no que é preciso fazer para viver por mais tempo (e melhor)?
É claro que não há uma receita única e milagrosa que possa resolver todos os problemas, já que a longevidade depende de muitos fatores diferentes.
Mas há alguns hábitos e cuidados que podem ser tomados para ampliar não só a quantidade de anos vividos, mas também a qualidade de vida que se reflete na independência, vitalidade e ausência de dor ou limitações na vida de cada pessoa.
“A maioria destes hábitos para uma vida longa parecerá bastante clichê e realmente são, justamente por já serem conhecidos e comprovados cientificamente há muito tempo e assim já terem caído no conhecimento popular. Minha estratégia para inserir esses clichês na rotina do paciente é explicar porque e como cada uma destas medidas é importante e determinante no envelhecimento bem-sucedido”, destaca Priscila Abiko, geriatra do Hospital Edmundo Vasconcelos.
Segundo a especialista, seis fatores são essenciais para ter uma vida mais longa e mais saudável e podem gerar uma estrutura sólida para as adversidades que podem surgir, o que a geriatra define como reserva fisiológica.
“A reserva fisiológica é como uma poupança que fazemos ao longo da vida para podermos usar quando for necessário, por exemplo, frente a uma infecção, queda, infarto ou qualquer outro adoecimento. Se não criamos esta poupança, não teremos recursos no organismo para combater estas adversidades de maneira satisfatória. O mesmo se aplica ao desenvolvimento de uma mente sã para enfrentar as dificuldades emocionais e perdas que ocorrem com o envelhecimento”, destaca.
Por isso, nunca é tarde para começar a colocar essas orientações em prática.
Confira os seis pontos destacados pela médica.
Dica 1 – Exercícios
A primeira dica essencial é a realização de exercícios físicos regulares.
“A melhor atividade é aquela que você pode fazer, considerando seu estado físico e recurso financeiro. Comece com poucos minutos por dia e aumente progressivamente, até a meta mínima de 150 minutos programados por semana”, explica ela.
Segundo a médica, a melhor estratégia é alternar exercícios aeróbicos (caminhada vigorosa, corrida, bicicleta, dança e outros esportes), já que esses fortalecem o coração e a circulação sanguínea, melhora a capacidade pulmonar, reduz obesidade, reduz o estresse e aumenta o bem-estar; com os exercícios anaeróbicos (como musculação e pilates), que geram aumento da força muscular, equilíbrio, fortalecimento ósseo e redução da obesidade.
Dica 2 – Alimentação
Uma alimentação balanceada é um fator preponderante para a vitalidade.
“Se alimente de comida ‘de verdade’, como carnes (que oferecem proteínas), legumes (que são antioxidantes e ricos em vitaminas), salada, frutas e grãos. Evite industrializados, alimentos gordurosos e com muito açúcar (não se esqueça que pão, macarrão, bolacha, entre outros carboidratos se transformam em açúcar no organismo por mais que sejam salgados) ”, destaca a geriatra.
Ela ressalta que uma alimentação rica em gorduras e carboidratos e pobre em proteínas, vegetais, frutas e leguminosas também gera obesidade, diabetes, doenças inflamatórias e aumento do risco cardiovascular.
Dica 3 – Manter-se ativo
Priscila ressalta que exercitar o cérebro também contribui e muito para uma vida mais longa e saudável.
“Uma mente ativa reduz taxa de demência e é essencial para a saúde mental e física. É importante manter-se ativo seja trabalhando, se comprometendo com trabalhos, compromissos e atividades sociais, com a leitura, tendo tarefas e metas diárias, praticando jogos e outras atividades, além das interações sociais”, enaltece.
Segundo ela, essas atividades colaboram para prevenir quadros demenciais e para regular o sistema interno de bem-estar.
Mas ela alerta que é preciso estar atento ao excesso de trabalho e ao estresse excessivo que causa danos oxidativos.
Dica 4 – Cuidar da parte psicológica
Ao se falar em evitar o estresse, no campo psicológico tratar doenças psiquiátricas como ansiedade e depressão é de fundamental importância para uma vida longa.
“Estudos comprovam que pessoas com depressão possuem uma expectativa de vida de 10 a 15 anos menor que a população em geral. Isso se deve a liberação de hormônios do estresse, aumento de fatores inflamatórios sem falar da associação de doenças psiquiátricas com suicídio e abuso de substâncias”, reforça.
Segundo a médica, algumas práticas para evitar o adoecimento mental são a meditação, ioga, mindfulness, psicoterapia e atividades de lazer.
Dica 5 – Parar de fumar e de consumir álcool em excesso
A especialista firma que parar de fumar melhora praticamente todos os órgãos e funcionamento do corpo.
“Reduz as ocorrências de infartos, AVCs, doenças pulmonares, oncológicas, enfisema pulmonar e demência. Como o tabagismo é uma doença, busque ajuda médica para receber um tratamento completo e assim aumentar a taxa de sucesso em parar de fumar”, diz.
De acordo com ela, evitar o consumo de álcool excessivo também é essencial para evitar quadros relacionados a doenças hepáticas, deficiência vitamínica e nutricional, neoplasias e demências.
Dica 6 – Tratar as doenças, realizar exames preventivos e procurar um médico
É importante sempre cuidar e tratar de doenças já existentes como diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca, obesidade, entre outros.
“O abandono dos tratamentos indicados pode gerar complicações graves e até fatais”, garante a geriatra do Hospital Edmundo Vasconcelos.
Para além dos tratamentos, também é essencial investir na prevenção de doenças, realizando os exames de rotina (ou check-ups) para identificar alterações de saúde precocemente.
“Assim será possível instituir tratamento o mais rápido possível, antes que a doença se agrave e traga sequelas maiores”, afirma.
Alguns dos exames mais relevantes são aqueles ligados aos cânceres de intestino, mama, colo de útero, osteoporose, hipertensão e diabetes.
Para estar atento a tudo isso, Priscila Abiko oferece uma orientação final.
“Faça consultas periódicas ao seu médico de confiança. O tratamento de doenças e o diagnóstico precoce podem te proporcionar não apenas uma vida mais longa, mas também com qualidade, independência, sem limitações para usufruir do que traz sentido e felicidade”, finaliza.