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Dani Sandrini apresenta exposição em Ribeirão Preto

A mostra Terra Terreno Território, composta obras de temática indígena, traz fotografias impressas em folhas de plantas e em papel com pigmento de jenipapo.

Fotografia apresentada em exposição de Dani Sandrini.

O SESI Ribeirão Preto apresenta, a partir do dia 26 de abril de 2024 (sexta-feira), a exposição Terra Terreno Território da fotógrafa e artista visual Dani Sandrini.

Com visitação gratuita e acessibilidade, a exposição conta com piso tátil, audioguia, nove obras táteis e dez obras com audiodescrição.

No evento de abertura, que ocorre no dia 25 de abril, quinta-feira, às 19h30, a artista Dani Sandrini e o indígena Emerson Souza participam de bate-papo com o público.

Emerson (etnia Guarani) é doutorando e mestre em Antropologia Social pela USP, bacharel e Ciências Sociais pela PUC-SP e professor de Sociologia na Rede Estadual de Educação de São Paulo, além de pesquisador no CEstA-US.

A mostra é composta por cerca de 50 obras de temática indígena, em dois agrupamentos fotográficos nos quais a artista utiliza duas técnicas artesanais de impressão fotográfica do século XIX para propor uma reflexão sobre como é ser indígena em grandes cidades, no século XXI.

No primeiro, a impressão é feita em papéis sensibilizados com pigmento extraído do fruto jenipapo (que muitos indígenas usam nas pinturas corporais), em um processo chamado antotipia (técnica que utiliza pigmentos vegetais como material fotossensível na impressão).

São 10 obras emolduradas no tamanho 50x75cm.

Já no segundo agrupamento, as imagens são impressas diretamente em folhas de plantas, taioba, singonio, helicônia, cará-moela, batata-doce, cúrcuma e guiné, pelo processo de fitotipia (nesta técnica, a própria clorofila é o agente para produzir a imagem).

As próprias folhas abrigam as 40 fotografias em molduras que variam de 35x45cm a 100x100cm.

Ambos processos se dão através da ação da luz solar, em tempos que variam de três dias a seis semanas de exposição.

Todas as imagens de Terra Terreno Território foram captadas, durante o ano de 2019, em aldeias indígenas da cidade de São Paulo, onde predomina a etnia Guarani, e também no contexto da metrópole, onde vivem indígenas de aproximadamente 53 etnias.

As obras de Dani Sandrini trazem uma temporalidade inversa à prática fotográfica vigente, da rapidez do click e da imagem virtual.

“O tempo de exposição longo convida à desaceleração para observar o entorno com outro tempo e sob outra perspectiva. Como a natureza, onde tudo se transforma, esses processos produzem imagens vivas e que se transformam com o tempo; uma referência a permanente transformação da cultura indígena, que não ficou congelada 520 anos atrás”, reflete a artista.

A delicadeza do processo orgânico traz também uma consequente fragilidade para as fotografias com a passagem do tempo.

“Dependendo da incidência de luz natural diretamente na imagem, por exemplo, pode levá-la ao apagamento”, explica a artista.

A concepção de Sandrini considera esta possibilidade como um paralelo ao apagamento histórico que a cultura indígena sofre em nosso país.

Ela diz que “a proposta favorece também a discussão acerca da fotografia com seu caráter de memória e documento como algo imutável, ampliando seus contornos e podendo se vincular ao documental de forma bem mais subjetiva. A certeza é a transformação. A foto não congela o tempo. Os suportes que aqui abrigam as fotografias geram outros significados”, reflete.

Com Terra Terreno Território a fotógrafa alerta para a necessidade de compreender a cultura indígena para além dos clichês que achatam a diversidade do termo.

“A intenção é exatamente oposta: é desachatar, lembrar que muitos indígenas vivem do nosso lado e nem nos damos conta. Já se perguntaram o porquê de essa história ter sido apagada?”, comenta Dani, que durante o projeto fotografou pessoas de diversas etnias, oriundas de várias regiões do país, ora posando para um retrato, ora em suas rotinas, suas atividades, seus eventos, rituais ou celebrações.

Terra Terreno Território nasceu do projeto Darueira, em 2018, contemplado no 1° Edital de Apoio à Criação e Exposição Fotográfica, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, por meio da Supervisão de Fomento às Artes.

Realizado, em 2019, ganhou exposição na Biblioteca Mario de Andrade, de outubro a dezembro.

No ano de 2020 (no formato online), a exposição passou pela Galeria Municipal de Arte, do Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes (Chapecó–SC), pelo Cali Foto Fest (Colômbia), exposição virtual e projeções urbanas, além de apresentação virtual na abertura do festival, e esteve no Pequeno Encontro de Fotografia (Olinda–PE).

Em 2021, integrou o Festival Photothings (exposição online no metrô de São Paulo; ensaio escolhido para integrar a Coleção Photothings).

Em 2022, Terra Terreno Território foi selecionada para a coletiva Exposição Latinas en Paris (Fotografas Latam, Fundación Fotógrafas Latinoamericanas), na Galerie Rivoli 59; circulou por unidades do SESI São Paulo, Itapetininga, Campinas e São José do Rio Preto; e integrou a coletiva Acervo Contemporâneo do Museu de História e Arte de Chapecó–SC.

Já em 2023, a exposição ocupou a Galeria de Fotos do Centro Cultural FIESP (SP), o Centro Cultural Matarazzo (Presidente Prudente–SP), Pinacoteca Municipal Dr. Antônio Cintra e Festival Amparo em Foco (Amparo–SP) e integrou o festival internacional Indian Photo Fest.

Ainda foi tema de conversa no Fórum Virtual — Fotografia Experimental (Argentina) e de palestra no Interfoto Itu, em 2021.

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