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Curta-metragem expõe o racismo na assistência médica

Idealizado pelo Instituto Yduqs e IDOMED, Corpo Preto acompanha a jornada de um homem negro enfrentando a indiferença e a negligência de profissionais de saúde.

Imagem-montagem com cena inicial do curta-metragem.

O Instituto Yduqs e o Instituto de Educação Médica (IDOMED) lançaram o curta-metragem Corpo Preto, um filme baseado em dores verdadeiras.

A produção revela a dura realidade do racismo no contexto da assistência e serviços de saúde no Brasil.

Com foco nas microagressões e discriminações sofridas por pessoas negras, a iniciativa questiona as diferenças no atendimento médico e os impasses raciais que afetam a qualidade de vida dessa significante parcela da população.

O insight do filme surgiu baseado nos estudos do projeto MEDIVERSIDADE, do Instituto Yduqs e IDOMED, que trabalha para incluir as diversas etnias e condições sociais nos cuidados de saúde.

O curta destaca o alarmante fato de que apenas 3% dos médicos no Brasil são negros, segundo dados do Conselho Federal de Medicina de 2023.

Dados reais, extraídos de diversos estudos e publicações, demonstram a desigualdade no atendimento: pacientes negros esperam, em média, 10 minutos a mais para serem avaliados.

Além disso, consultas com pacientes negros duram, em média, 47% menos do que com pacientes brancos.

Eles também têm menos chances de realizar exames de imagem ou raio-x, o que pode comprometer diagnósticos precoces e precisos.

O tempo entre o diagnóstico e a cirurgia é, em média, 6,7 dias maior para pacientes negros, evidenciando um viés sistêmico que pode afetar diretamente a sobrevida e qualidade de vida dessa população.

Corpo Preto é um relato emocionante que traz visibilidade a um problema que pessoas negras enfrentam diariamente no Brasil: o tratamento desigual em serviços médicos. E me deixa extremamente feliz ver o Mediversidade trazendo essa reflexão à tona. Mais do que isso, estamos provocando um debate sobre o papel da educação na construção de uma sociedade mais inclusiva e consciente. O Mediversidade é um programa que transforma nossas salas de aula, tornando-as mais diversas. Mas ele vai além: estamos modificando a prática médica, dando visibilidade a um problema estrutural da saúde e da sociedade. Estamos trabalhando para formar médicos mais preparados para enxergar e cuidar de todas as vidas, promovendo uma educação mais equitativa e, acima de tudo, humana”, revela Claudia Romano, presidente do Instituto Yduqs e vice-presidente do grupo educacional Yduqs.

“Com o programa Mediversidade, reafirmamos nosso compromisso com a inclusão e a diversidade em todas as 18 faculdades de medicina do grupo IDOMED. Acreditamos que um ambiente educacional diverso enriquece a experiência acadêmica e prepara melhor todos os nossos futuros médicos e médicas para atenderem às necessidades reais da sociedade,” afirma Silvio Pessanha, CEO do IDOMED.

Com o intuito de provocar uma reflexão sobre as consequências do racismo estrutural na saúde, o curta acompanha a jornada de um homem negro enfrentando a indiferença e negligência de profissionais desta área.

A equipe de criação optou pelo uso de câmera e efeitos para desfocar o paciente e simbolizar justamente essa ausência de atenção, evidenciando a sua invisibilidade.

O curta destaca o distanciamento e a falta de cuidado, mostrando contundentemente as barreiras que pessoas negras enfrentam até no momento mais crítico de suas vidas.

O curta foi lançado no dia 01/04, no Cinema Estação do Shopping da Gávea, localizado no Rio de Janeiro–RJ.

Após a sua exibição, ocorreu uma mesa redonda com debate sobre o tema, com a presença de Amanda Machado, professora, médica e membro do Núcleo de Inclusão, Diversidade e Humanização (NIDH) do IDOMED; e Nany Oliveira, diretora do curta.

O papo foi intermediado por Annelise Passos, gerente de Projetos em Diversidade e Inclusão da Artplan.

Para ampliar a visibilidade do projeto, serão realizadas ações de comunicação focadas no letramento racial, incluindo exibições especiais do filme em cinemas nacionais, ativações com influenciadores digitais, palestras com especialistas e divulgação em mídias Out of Home (OOH).

Paralelamente ao conteúdo audiovisual, foi desenvolvido um material inédito na medicina: o livro Nigrum Corpus — Um estudo sobre racismo na medicina brasileira.

Baseado em depoimentos reais, o livro é um material educativo que evidencia os vieses na área da saúde, abordando a origem do problema já na formação dos profissionais de saúde.

O objetivo é que o material seja distribuído para as principais faculdades de medicina do país, a fim de priorizar a formação de médicos mais conscientes, empáticos e preparados para enfrentar o racismo institucional.

Assista ao curta abaixo:

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