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Bate-papo com Dr.ª Elaine Di Sarno #3

Psicóloga explica em entrevista sobre compulsão alimentar e transtornos alimentares.

Foto da entrevistada Dra. Elaine Di Sarno.

Crédito: Carlos Alkmin

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 4,7% da população brasileira sofre de algum tipo de transtorno relacionado à alimentação.

Os transtornos alimentares descrevem doenças caracterizadas por hábitos alimentares irregulares e sofrimento grave ou preocupação com o peso, ou a forma do corpo.

Recentemente a participante do BBB Yasmin Brunet comentou um pouco sobre sua compulsão alimentar.

E nós fomos conversar com a Dra. Elaine Di Sarno sobre este problema.

Dr.ª Elaine Di Sarno é psicóloga e neuropsicóloga, mestre em Ciências pela USP, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e atende em consultório particular no bairro de Moema, São Paulo e no Hospital das Clínicas (HC).

Victor Hugo Cavalcante: Durante o BBB 24 a participante Yasmin Brunet falou um pouco de sua compulsão alimentar, falando especificamente em transtorno alimentar, explique-nos mais do que é transtorno alimentar.

Dr.ª Elaine Di Sarno: O comportamento alimentar nos Transtornos Alimentares é caracterizado pela ingestão de excesso de alimentos em um período delimitado (até duas horas), acompanhado da sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come.

Para caracterizar o diagnóstico, esses episódios devem ocorrer pelo menos dois dias por semana nos últimos seis meses, associados a algumas características de perda de controle e não acompanhados de comportamentos compensatórios dirigidos para a perda de peso.

No cérebro temos o sistema límbico (ou também conhecido como cérebro emocional) que é um conjunto de estruturas corticais e subcorticais interligadas morfológica e funcionalmente, e estão envolvidas em muitas de nossas emoções e motivações, além de ser responsável pela maioria das emoções, sentimentos e comportamentos.

As emoções negativas, tais como: raiva, tédio e autocríticas, podem anteceder as compulsões de comprar, ao passo que euforia ou alívio das emoções negativas têm como consequências as compras ou a ingestão de alimentos.

Por desenvolver uma série de atividades, o mau funcionamento do sistema límbico pode acarretar diversas disfunções, como a ansiedade, vontade de consumir, depressão, déficits de memória recente e de longa duração, Alzheimer, esquizofrenia.

As pessoas com esse transtorno frequentemente descrevem um crescente nível de ansiedade que somente podem aliviar quando comem.

A ansiedade sentida não é pela fome, mas devido à necessidade de satisfação e é descrita como intensa.

O ato compulsivo pode estar relacionado ao desejo de preencher um vazio emocional, comendo, a fim de dar um contentamento por alguns instantes.

O alívio das tensões só vem por meio da ingestão da comida.

Mas em seguida, são tomados pelo sentimento de culpa, remorso e vergonha.

A experiência de comer é quase sempre solitária.

Alguns autores afirmam que um comedor compulsivo abrange no mínimo dois elementos: o subjetivo (a sensação de perda de controle) e o objetivo (a quantidade do consumo alimentar).

O estresse é um fator que pode levar ao aumento das compulsões alimentares.

Durante situações estressantes, o cortisol é liberado, estimulando a ingestão de alimentos e o aumento do peso.

Victor Hugo Cavalcante: Do ponto de vista da psicologia, como a abordagem da Nutrição Comportamental pode ajudar no tratamento da compulsão alimentar e outros transtornos alimentares, considerando a interação entre hábitos alimentares e saúde mental?

A compulsão alimentar tem tratamento, e é realizado por meio de medicamentos antidepressivos ou agentes estabilizadores do humor, para equilibrar os níveis de serotonina no cérebro, e assim controlar os impulsos, e junto o acompanhamento psicológico.

A terapia Cognitivo Comportamental é fundamental para o compulsivo aprender a lidar com os pensamentos disfuncionais, na maioria das vezes intrusivos, que geram sentimentos e comportamentos, e diante disso se instrumentalizar com estratégias de enfrentamento adequadas para lidar com a compulsividade e desenvolvimento do autocontrole.

Victor Hugo Cavalcante: Em sua experiência clínica, como a psicologia pode auxiliar na busca por superar a compulsão alimentar?

Programas de intervenção e ações interdisciplinares, direcionados à prevenção e tratamento de transtornos alimentares, devem ser fomentados de modo a favorecer as condições de saúde dessa população.

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