*O título deste artigo foi adaptado para fins de SEO.
Agronegócio 4.0: produtividade conectada exige proteção digital
Artigo escrito por Eduardo Gomes, gerente de cibersegurança na TÜV Rheinland. Crédito da foto principal: Arquivo/reprodução.
Sensores, drones e plataformas em nuvem tornaram-se parte do ciclo produtivo do agronegócio, e com isso a mesa do consumidor passou a depender de redes e servidores tanto quanto de chuvas bem distribuídas.
Com tanta tecnologia, é natural que o setor de agronegócios comece a enfrentar um maior volume de ataques.
Para se ter uma ideia, a agência Food & Ag ISAC (The Food and Agriculture-Information Sharing and Analysis Center, na sigla em inglês), que realiza o monitoramento de ameaças cibernéticas a essa cadeia, registrou 44 ataques de ransomware ao setor no segundo trimestre de 2025.
Obviamente, as consequências de uma disrupção na cadeia de abastecimento podem ter impactos globais, afetando desde a disponibilidade de alimentos em prateleiras até a estabilidade dos preços internacionais, além de colocar em risco a confiança dos consumidores na segurança dos produtos que chegam à mesa.
No Brasil, toda a cadeia do agronegócio, incluindo insumos, agroindústria, logística, serviços, entre outros, correspondeu, em 2024, a 23,2% do PIB brasileiro.
Fortalecer a cibersegurança no campo, portanto, tornou-se tão importante quanto proteger as lavouras contra pragas ou intempéries.
Por que o setor agro é vulnerável a ciberataques
Nos últimos anos, o agronegócio nacional passou por uma acelerada transformação tecnológica.
Hoje, a chamada Agricultura 4.0 envolve sensores inteligentes, máquinas autônomas, drones, softwares de gestão em nuvem e dispositivos de Internet das Coisas (IoT), que automatizaram o plantio e colheita, bem como integraram a cadeia logística ao agro.
Segundo dados da PWC, divulgados no começo de 2025, ao menos 45% das empresas brasileiras do setor de agronegócios já utilizam soluções de IoT, contra somente 9% na média dos setores, e 36% empregam inteligência artificial em suas operações.
Colheitadeiras conectadas, monitoramento climático em tempo real e plataformas digitais permitem decisões mais precisas e eficiência inédita, dando origem às chamadas “fazendas inteligentes”, nas quais cada etapa do ciclo produtivo, do plantio à distribuição, pode ser monitorada e ajustada em tempo real.
Toda essa modernização traz um efeito colateral preocupante: a expansão da superfície de ataque digital.
Sem proteções robustas, ferramentas vitais como plataformas de gestão agrícola, controles de irrigação automatizados e até a logística de exportação podem ser interrompidos por ataques, causando prejuízos operacionais e financeiros imediatos.
O Food & Ag-ISAC rastreou, no segundo trimestre deste ano, ao menos 26 grupos diferentes de ransomware atacando empresas de alimentos e agricultura ao redor do mundo.
Vários grupos de cibercriminosos estão associados a esses ataques, com foco em ransomware e roubo de credenciais.
Estratégias de proteção
O agronegócio precisa tratar a cibersegurança como parte integrante da sua produção.
A digitalização trouxe eficiência, mas também ampliou os pontos de vulnerabilidade.
Por isso, é importante separar redes corporativas das operacionais, proteger acessos remotos com autenticação multifator e manter rotinas de backup confiáveis.
Essas medidas reduzem drasticamente a chance de que um ataque em um único sistema se alastre e comprometa toda a cadeia produtiva.
Outro passo essencial é preparar-se para quando, e não somente se, um incidente ocorrer.
Isso significa ter planos de resposta bem estruturados, realizar simulações periódicas e adotar padrões internacionais como ISO 27001 e o framework do NIST.
Esses referenciais oferecem mapas claros para identificar riscos, aplicar controles e manter uma vigilância constante sobre vulnerabilidades que podem afetar desde pequenas propriedades até grandes processadoras.
A busca por resiliência deve ser validada por auditorias independentes e certificações de segurança.
Essas avaliações externas não só identificam fragilidades antes que sejam exploradas, mas também aumentam a confiança de parceiros e consumidores.
Em última instância, proteger a infraestrutura digital do agro é proteger a produtividade e a segurança alimentar em escala global, um passo indispensável para o Brasil seguir como potência agrícola em um mundo cada vez mais conectado.
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