Em 2002, com a formação original composta por Andrea Bârça (vocal), Isabella Castilho (guitarra), Adriana Freitas (bateria), o segundo guitarrista Eurico Igarashi e o baterista e compositor Alessandro Tonnera, a banda Peyote lançou seu álbum de estreia autointitulado.
O álbum contava com 15 faixas, sendo 14 delas autorais, com nove compostas em parceria entre Andrea e Alessandro, que também assina todos os arranjos.
Ao longo de sua trajetória, Peyote realizou diversos shows emocionantes e conquistou uma base fiel de fãs na cena carioca.
No entanto, no auge de seu sucesso, a banda foi abruptamente interrompida por questões pessoais, mudanças de emprego e relacionamentos dos integrantes, além de um breve retorno em 2008 que não se consolidou.
O verdadeiro retorno começaria a tomar forma durante a pandemia de 2020, quando as três integrantes se reencontraram e iniciaram a composição de um novo álbum de músicas inéditas e autorais.
Elas criaram uma websérie chamada Peyote Band: uma banda de garotas, que narra como os caminhos da vida pode nos afastar dos nossos sonhos, como o de viver de música.
O roteiro foi indicado como um dos 10 melhores projetos do Rio Web Fest 2022, além disso, a banda também compôs a música tema da série documental Preciso Voltar Pra Casa, da Box Play Brazil.
Em dezembro de 2023, Peyote lançou o primeiro single, O que você nasceu pra ser, cujo clipe e letra abordam os sonhos abandonados e o alto preço pago por isso.
Em seguida, lançaram Preciso Voltar Pra Casa, uma canção feminista que retrata as dificuldades enfrentadas por mães solo e mulheres na maternidade, nas relações e no mercado de trabalho, criticando o julgamento que elas sofrem ao buscarem liberdade.
A sequência de lançamentos inclui Mentira Real, um manifesto político urgente com a marca inconfundível da compositora e guitarrista Isabella.
O título do EP mais recente, Minha Vida é Pura Fake News, foi inspirado em uma frase dessa faixa.
E, agora a banda, agora formada por Andrea Bârça no vocal, Isabella Castilho na guitarra, Adriana Freitas no baixo e Leticia Santos na bateria, que realizou o sonho de fazer uma releitura Nu Metal de Movimento Barraco, single da extinta banda A Porca e A Engrenagem, conta as suas principais novidades musicais e muito mais.
Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, é um prazer recebê-las no Jornal Folk, e gostaria de começar com a seguinte pergunta: Vocês poderiam compartilhar mais sobre o processo criativo e as motivações por trás da releitura Nu Metal de Movimento Barraco?
Andrea Bârça: Regravar Movimento Barraco foi materializar uma coisa que acontecia na minha imaginação há anos.
Eu SEMPRE fui fã dessa música.
Quando o Peyote se afastou a primeira vez, eu era muito jovem e havia composto a maioria das músicas do primeiro álbum, quase todas as letras.
Eu tinha muita insegurança, medo de julgamento do que iam pensar… e Movimento Barraco me impactou, eu queria ter composto ela.
Eu fui fã da banda e por um curto período, fiz parte dela (tocava uma groove Box, fazia sons eletrônicos no show).
Mas eu me visualizava cantando Movimento.
Quando a Peyote, quase 20 anos depois, retorna com toda a coragem de ser o que nasceu para ser que não teve lá atrás, com essa força que só a vida nos dá, eu não só ressurgi melhor, como as integrantes ressurgiram mais fortes.
Hoje eu tenho coragem e ousadia de cantar o que eu quero e cantar ao lado dos meus ídolos (como foi o caso de gravar com o Glauco do Tianastacia na bateria, e de gravar com Carbono, d’A Porca e A Engrenagem).
Victor Hugo Cavalcante: Como foi a experiência de trabalhar com Carbono, integrante da extinta banda A Porca e A Engrenagem, e sua filha Helena neste single?
Andrea: Helena foi uma grata surpresa maravilhosa!
Ela foi assistir à gravação de voz e eu tinha a ideia de dar uma cara Another Brick in The wall na música, deixar “vazar” um cantarolar de criança quando a faixa acaba e a guitarra soa.
Para mim a presença dela foi um plano do universo!
Gravar com Carbono e o Glauco, foi muita honra reunir essa galera de quem sou fã!
Se eu contasse isso pra Andrea de 2002, jamais acreditaria em mim!
Victor Hugo Cavalcante: Podem nos contar mais sobre o significado simbólico da capa do single e como a ideia foi desenvolvida?
Andrea: A capa foi uma viagem que amamos criar.
E o Dudu Valle, autor da letra, materializou também.
Acho que ficou muito maneiro usar todas as nossas referências num lugar só.
As mulheres nos representam (somos quatro mulheres) bem a lá Blood Sugar Sex Magik do Red Hot Chili Peppers, banda que nos inspira bastante (veja Preciso Voltar Pra Casa que é muito RHCP).
As cobras saindo das bocas e apontando para as próprias pessoas são “elas sendo algozes delas mesmas” como O que você nasceu pra ser diz: “é só você contra você”.
Só você pode parar você.
A rodela no meio seria uma porca, uma rosca, homenageando A Porca e a Engrenagem.
E o Oásis com cactos no meio, a Peyote.
Cenário perfeito para o que a música é para a gente.
E as cobras também conversam com o clima encantador de cobras do solo em menor harmônica da Isabella. (Risos)
Victor Hugo Cavalcante: Como vocês veem a evolução da banda desde o seu retorno em 2020 até agora, especialmente com o lançamento de novos singles e o EP Minha Vida é Pura Fake News?
Isabella Castilho: A banda vem numa trajetória inspirada, além das composições que continuam surgindo, temos feito shows cada vez mais entrosadas com novas oportunidades surgindo a todo momento.
A entrada da Leticia nos shows e nas futuras gravações nos fez buscar uma identidade mais coesa em termos de som e união do grupo.
Victor Hugo Cavalcante: Quais são as principais mensagens e temas que vocês estão querendo transmitir através das músicas do EP Minha Vida é Pura Fake News?
Isabella: As músicas possuem temas que refletem nossos momentos de vida atualmente, a dedicação a música que voltou a ser nosso foco de trabalho depois dos anos de afastamento do grupo, a busca por nos dedicar ao que realmente gostamos, de vivermos nossas vidas de acordo com nossos sonhos e de mostrarmos a força feminina na música e na cultura.
Victor Hugo Cavalcante: Quais são as expectativas da banda para o lançamento do EP Minha Vida é Pura Fake News e futuros projetos após a conclusão desse trabalho?
Isabella: Nossa ideia é seguir divulgando nosso trabalho para além das fronteiras do estado e iniciarmos a gravação das demais músicas que completarão o EP.