Crédito da foto principal: Imagem gerada com Canva AI
Produções de grande porte no setor de eventos frequentemente seguem uma cadeia de contratações em cascata, em que múltiplos intermediários fragmentam margens e reduzem a remuneração chegada à ponta, o freelancer ou microfornecedor que executa o serviço.
Esse modelo se agrava em um mercado pulverizado e altamente especializado.
Cada evento exige serviços distintos (staff, buffet, DJ, bebidas, decoração, etc.), e estima-se que um único evento envolva cerca de dez diferentes fornecedores.
Práticas como cobrança de BV (bônus de venda) e markup sucessivo por intermediários comprimem o valor repassado aos elos finais.
O evento de aniversário de uma grande atriz, realizado no Rio de Janeiro, ilustra o contraste entre grandes orçamentos e baixa valorização na base da cadeia.
Apesar do investimento estimado em mais de R$ 80 mil somente em estrutura e locação, profissionais autônomos e microfornecedores que atuam nesses projetos relatam ganhos proporcionais bem menores, já que parte significativa do valor se dilui entre intermediários e taxas de comissão.
Dados oficiais fornecem um contexto mais amplo ao problema estrutural.
O Brasil registrou 14,6 milhões de microempreendedores individuais (MEIs) em 2022, segundo o IBGE, número que representa 18,8% dos ocupados formais.
Em paralelo, uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) indica que micro e pequenas empresas correspondem a 76,8% dos fornecedores no mercado de eventos.

Dentro desse cenário, Camila Florentino (foto acima), fundadora da Celebrar, explica que o mercado de fornecedores de eventos é altamente pulverizado e especializado.
“Hoje, 94% dos prestadores são micro e pequenas empresas, e mais de 2,5 milhões de MEIs atuam diretamente nesse ecossistema. Quem é staff não faz buffet, quem é banda não é DJ, quem faz cerveja não prepara drinks. Para realizar um único evento, são necessários em média dez fornecedores distintos, criando uma cadeia fragmentada. Com múltiplos intermediários e cobranças de bônus, o microempreendedor que entrega o serviço final acaba sendo o elo mais fragilizado da estrutura”.
A Celebrar se posiciona como plataforma que busca mitigar essa hierarquia onerosa, conectando mais de 7 mil micro e pequenos fornecedores diretamente aos contratantes, eliminando intermediários na cadeia de compras e alinhando-se à ODS 8 da ONU, que trata de trabalho decente e crescimento econômico.
“A cadeia de eventos é um retrato da economia brasileira: muitos microempreendedores sustentando um ecossistema bilionário, mas sem acesso proporcional ao valor que geram. Diferente de outros mercados, como o imobiliário, em que se paga uma única comissão ao intermediário, no setor de eventos a engenharia da cadeia de suprimentos é muito mais onerosa. Um mesmo serviço pode carregar de sete a oito comissões sucessivas, resultado de uma prática conhecida como BV (bônus de venda), repassada consciente ou inconscientemente por pequenos fornecedores a quem os indicou para determinado evento. É um sistema fragmentado e caro, em que cada especialização, do chope ao drink, da banda ao DJ, depende de elos distintos”, explica a CEO.
“Quando eliminamos as camadas intermediárias e promovemos transparência nas contratações, não é só o fornecedor que ganha, o contratante também reduz custos, ganha previsibilidade e eleva o padrão de qualidade. O desafio é repensar essa estrutura para que o crescimento do setor venha acompanhado de trabalho decente e distribuição justa, como propõe a ODS 8 da ONU”, finaliza Florentino.
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