Nascida e criada no Rio de Janeiro, Georgia Annes é psicóloga de formação e escritora por vocação.
Iniciou sua trajetória literária ainda na adolescência e, desde então, tem se dedicado à produção poética que une sensibilidade, natureza e introspecção.
É autora de A Menina e seus Balões (2022) e Onde Minha Poesia te Abraça (2023), e acaba de lançar seu terceiro livro, Pés Descalços na Areia, que, em 17 de maio, será lançado na 1ª Feira de Literatura e Artes da Semana dos Museus, realizada no Espaço Cultural da Marinha no Rio de Janeiro.
A obra propõe uma caminhada simbólica por meio dos quatro elementos da natureza, somada à força do sagrado feminino.
Georgia também coordena o podcast Escritoras Mundialmente Desconhecidas, dando voz a autoras da cena literária nacional.
Também já participou de 17 antologias, foi classificada em diversos concursos de poesia e conquistou o 5º lugar no Prêmio ArtCult em 2022.
Confira essa entrevista exclusiva onde a autora revela os caminhos poéticos que percorre com Pés Descalços na Areia e fala sobre sua trajetória, inspirações e o poder transformador da poesia.
Victor Hugo Cavalcante: Primeiro, agradecemos por nos conceder essa entrevista e gostaríamos de perguntar: Sua formação em psicologia aparece de forma sensível na sua escrita, como essa vivência influencia sua maneira de construir imagens e sentimentos poéticos?
Georgia Annes: Eu que agradeço a oportunidade.
Desde jovem tive uma postura acolhedora e com certeza isso foi determinante na minha vida e no meu processo de escrita.
Como não consigo escrever sobre o que não me atravessa, não me toca, coloco no papel o que vejo e sinto como poeta, procuro ressignificar a vida com poesia.
Victor Hugo Cavalcante: O livro Pés Descalços na Areia explora os quatro elementos da natureza como metáforas poéticas. De onde veio esse impulso criativo e como ele atravessa sua obra?
É tudo muito natural para mim e como tenho uma ligação profunda com a natureza, cada instante do dia pode se transformar em um poema.
Óbvio que este terceiro livro está mais maduro, as oficinas e os cursos de escrita ajudaram e muito na construção dele, inclusive me proporcionando mais liberdade na forma de como eu gosto de escrever.
Escrevo mostrando minha personalidade poética, que deu fortes sinais no segundo livro Onde minha poesia te abraça, 2023, ed. Arpillera, mas que em Pés descalços na areia, consegui me desnudar poeticamente, e posso arriscar a falar sem medo, que o sagrado feminino entra como um quinto elemento, fortalecendo o autoamor e a mostrando diversas maneiras de encarar a vida com mais leveza, mas não se tratando de autoajuda.
É poesia.
Victor Hugo Cavalcante: O lançamento do livro mencionado anteriormente na Semana dos Museus cria um diálogo interessante entre arte, memória e poesia. Qual a importância de ocupar esses espaços com literatura?
É de suma importância ocupar esses espaços.
Sempre busco uma oportunidade de apresentar meu livro ao leitor.
É interessante você correlacionar à memória.
Uma vez me disseram que, depois de tudo, é o livro que fica. E é isso.
Quero que minha escrita chegue a muitas pessoas, quero ser lida enquanto viva.
Victor Hugo Cavalcante: Você é uma voz ativa na valorização da poesia nacional, inclusive coordenando o podcast Escritoras Mundialmente Desconhecidas. Como enxerga o papel das redes e coletivos na cena literária atual?
Vejo ser uma forma de desbravar esse mundo dos trinta segundos, de tudo ser rápido.
A literatura, as artes em geral, necessitam ser degustadas, aos poucos.
Vejo a necessidade da apreciação.
E o podcast foi criado para dar voz para todos que desejam mostrar seu trabalho.
É um momento único no estúdio, em que ouço os autores falarem com tanto amor da sua obra, de si e isso precisa ser divulgado e lido.
Tem lugar para todos e é uma alegria poder oferecer esse momento.
Os coletivos são uma grande rede de apoio entre as escritoras, não permitem que o processo de escrita seja solitário e eles também abrem portas para a participação em eventos literários.
É através de um deles que tenho espaço garantido para apresentar um pouco do podcast, na Bienal do Rio, que acontecerá em junho.
Victor Hugo Cavalcante: Em Pés Descalços na Areia, há um convite claro à introspecção e à liberdade de sentir. Que experiências ou sensações você espera despertar no leitor com essa obra?
Desejo que o leitor caminhe junto, receba a brisa no rosto, se permita molhar os pés e que, em contato com Pés descalços na areia, ele vislumbre uma trilha que o leve ao encontro do seu íntimo, do seu sagrado e de lá possa enxergar as múltiplas possibilidades de ser o que quiser.