Escrito por Victor Hugo Cavalcante, jornalista, escritor e editor do Folk.
Imagine uma mãe que sempre fez de tudo por seus filhos, mas mesmo assim é constantemente usada, abusada e machucada por seus filhos ingratos.
Essa mãe existe e tem nome: Mãe Natureza.
Enquanto milhões de pessoas compram flores, postam homenagens e organizam almoços de Dia das Mães, essa mãe que sustenta toda a vida no planeta continua sendo ignorada.
Ela não ganha presentes, mas queimadas, não ganha um banho de SPA, e sim banhos de esgoto nos rios e não ganha toneladas de presentes, mas sim toneladas de lixo jogadas em seus oceanos.
Ela foi generosa desde o início.
Ofereceu ar limpo, água potável, alimentos, florestas, minerais, energia e criou o equilíbrio necessário para a humanidade evoluir.
E o que recebeu em troca?
Um modelo de consumo predatório, emissões desenfreadas de gases poluentes, avanço urbano desordenado e desrespeito diário aos seus limites.
Hoje, ela está colapsando e a maioria dos seus “filhos” ainda finge que não vê.
O clima já mudou e as catástrofes ambientais se multiplicam.
As cidades estão sentindo na pele o que significa ignorar o alerta: falta de água, calor extremo, deslizamentos, tragédias.
E mesmo assim, o descaso continua, em nome de uma ideia ultrapassada de progresso que só funciona destruindo quem nos sustenta.
O mínimo que essa mãe deveria receber era cuidado, mas o que ela encontra é ingratidão.
No próximo Dia das Mães, é preciso parar com a hipocrisia de celebrar a maternidade enquanto se ignora a destruição da mãe que todos compartilhamos.
Cuidar dessa mãe chamada Natureza não é discurso ambientalista vazio, é questão de sobrevivência.
Se ela parar, tudo para.
E talvez, quando isso acontecer, já seja tarde demais para qualquer pedido de desculpas.