Crédito: Batz
O Coletivo AMEM, pioneiro em produções artísticas e fomentos à visibilidade da comunidade preta LGBTQIAPN+ desde 2016, chega em 16 e 17 de setembro pela primeira vez na 35ª Bienal de São Paulo com uma Ball que mergulha nas diversas linguagens artísticas da cultura Ballroom, explorando performatividades divididas em categorias como a dança vogue, runway, drag, fashion killa, entre outras.
Todas entrelaçadas pelo tema Tempo, inspirado pelo pensamento da poeta, ensaísta, dramaturga e professora Leda Maria Martins, que concebe o corpo como um testemunho da memória, do conhecimento e da história.
A Ball desenrola-se em 12 categorias temáticas onde diferentes houses da cena mainstream celebram danças furiosas, belezas revolucionárias, expressões musicais, oralidades e outras manifestações artísticas dissidentes.
Acompanhadas por DJs, commentators e uma poderosa mesa de júri formada por lideranças da comunidade Ballroom Brasil, essas exibições oferecem um vislumbre cativante da vitalidade da cena Ballroom.
Houses icônicas como, House of Ninja, House of Zion, House of Revlon, entre outras serão representadas por integrantes do Brasil.
A imersão na cultura e história queer é um importante fio condutor da 35ª Bienal de São Paulo que, além do coletivo AMEM, traz obras de artistas importantes como a Sauna Lésbica de Malu Avelar, fotografias de Rosa Gauditano, pinturas de Citra Sasmita, desenhos de Tadáskía entre outros nomes que em sua junção, formam um marco de diversidade na trajetória da Bienal.
Intitulada Coreografias do Impossível e trazendo práticas artísticas de diferentes partes do mundo, essa edição deseja construir espaços e tempos de percepção que desafiam a rigidez da linearidade do tempo ocidental.
“O que vemos nesse horizonte coreográfico são estratégias e políticas do movimento que essas práticas vêm criando para imaginar mundos que confrontam as ideias de liberdade, justiça e igualdade como realizações impossíveis”, afirmam Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, que formam o coletivo curatorial da mostra.
AMEM é um coletivo de artes negras LGBTQIAPN+ conhecido por fomentar a vida noturna, a cultura Ballroom e Hip Hop Queer criando espaços autônomos de circulação artística, acolhimento e de transmissão de conhecimentos, articulando pautas que acendem debates sobre raça, classe, gênero, sexualidade, saúde da população preta e HIV/AIDS.
Atuando na cena das artes desde 2016, promove importantes eventos como Ball Vera Verão, Pajuball e Ball Afrodiaspórica, além de idealizar e organizar o Festival Parada Preta e outros projetos especiais que utilizam a arte como estratégia de enfrentamento aos impactos sociais do racismo, cissexismo, LGBTfobia, crise da Aids e outras violências estruturais.
Além das performances, a programação oferece oficinas e painéis que mergulham nos elementos, história e estéticas da Cultura Ballroom no Brasil.
No dia 16 de setembro, a AMEM realizará duas oficinas no pavilhão da Bienal.
Às 14h, Félix Pimenta dará uma aula sobre Sistema de Ensino Ballroom e às 16h, Zaila oferece uma prática com Elementos do Vogue.
Na Ball o Tempo, cada categoria temática, desde Baby Vogue com o tema Iroko, até FQ Vogue Performance com a energia das Pombagiras, traz uma narrativa poderosa e simbólica.
Os temas inspiradores, como o poder do tempo espiralado, o resgate das memórias ancestrais, o diálogo com identidades de gênero não-binárias e a redefinição da moda ao longo do tempo, convergem em um espiral de criatividade e significado.
Essa Ball na 35ª Bienal transcende os limites das artes e oferece uma plataforma para expressão, diálogo e celebração, enquanto honra as complexas camadas da Cultura Ballroom e sua interseção com questões de identidade, história e inovação.