Primeira pesquisa realizada no Brasil para mapear, projetar e jogar luz ao impacto econômico que a regulamentação da intermediação de jogos lotéricos teria no país, traz dados importantes.
A começar pelo segmento em si, que com a diretriz apresentaria um crescimento de 140%, gerando mais empregos e contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB).
Outros dados de destaque apontam que o Brasil fica muito atrás na arrecadação de impostos e consequentemente nos repasses sociais se comparado aos Estados Unidos e Europa, onde este modelo proposto já está em prática há anos.
Hoje, o mercado de loterias no país é centralizado, respondendo a uma única empresa, a Caixa Econômica Federal, gerando um cenário de monopólio das atividades.
O surgimento das intermediadoras vem justamente para ampliar o setor e garantir um maior alcance ao público final, descentralizando a venda direta do produto loteria, de forma regulamentada, de apenas uma empresa.
As empresas intermediadoras têm como principal característica comum a inovação baseada em processos tecnológicos, a fim de redefinir o setor de serviços lotéricos em seus mais diversos aspectos.
Assim, colocando a tecnologia e as necessidades dos apostadores à frente do negócio, gerando inovação dentro do segmento de apostas e proporcionando uma experiência digital de ponta a ponta.
Por isso, fundada em 2022, a Associação dos Intermediadores Digitais de Jogos Lotéricos (AIDIGLOT), foi idealizada a fim de trabalhar em prol das empresas do ramo, com foco na regularização e visando os impactos positivos para o meio, bem como para o consumidor.
Meios On e Offline (Físico)
“Para se ter uma ideia, o Brasil conta com apenas 13.500 pontos de vendas oficiais de loterias, as Casas Lotéricas, a mesma quantidade do Estado da Flórida. Isso resulta em um número em que os Estados Unidos tenham um ponto-de-venda a cada 1000 habitantes, enquanto o Brasil em modestos, 0,06 para a mesma faixa populacional. Já no meio offline, onde o Brasil se destaca na presença digital, a Caixa exige a venda em seu canal oficial. O site e app Loterias Caixa, deixando de fora possibilidades como os marketplaces, bancos digitais e programas de fidelidade que, juntos, somam mais de 100 milhões de clientes”, explica Mirko Mayeroff, presidente da AIDIGLOT.
Atualmente, segundo dados da associação, estima-se que existam mais de 20 plataformas brasileiras que atuam na intermediação de apostas lotéricas.
Diante deste cenário, e em meio às transformações sentidas ao longo dos últimos anos, é que a AIDIGLOT desenvolveu a pesquisa Estudo de Impacto da Intermediação de Jogos Lotéricos: uma análise de viabilidade regulatória, em parceria com a divisão de projetos da Fundação Getúlio Vargas, a fim de apurar e analisar os reais impactos positivos para a sociedade em um cenário de regulamentação.
“Estamos falando de uma divisão com amplas possibilidades, que já se apresentam visíveis para o cenário brasileiro, principalmente com relação à geração de empregos, benefícios para o lotérico com a nova realidade de regulamentação e a contribuição para a economia do país”, declara Mayeroff.
Contudo, a realidade atual do Brasil mostra que a ligação da arrecadação com loterias não tem passado dos 0,25% do PIB há mais de 10 anos sem a regulamentação.
Seja pela baixa exploração de loterias instantâneas, seja pelo baixo número de lojas físicas e da pequena malha de distribuição, ou ainda pelo início tardio das loterias estaduais, quando se compara com outros países como Estados Unidos, Espanha e Portugal, que chegam a 0.45%, 0.80%, 1.63%, respectivamente.
Já com a legalidade concedida às empresas, dando a elas acesso aos meios de divulgação que hoje estão impedidos, simulações evidenciam que o impacto da intermediação pode se aproximar de R$ 1 bilhão caso a regulamentação permita um crescimento em torno de 20% a 30%.
Com a regulamentação, o crescimento da arrecadação se dará pelos intermediadores digitais e também através das casas lotéricas, já que com maior investimento no setor, existe um progresso do segmento na totalidade, on e offline.
Para a sociedade, os benefícios incluem aumento da arrecadação fiscal, geração de renda e postos de trabalho, elevação dos montantes disponíveis para transferências sociais e fomento de novos modelos de negócios e estímulos de soluções tecnológicas e inovadoras para o nicho.
Cenário nacional da regulamentação
“No Brasil, o serviço de intermediação lotérico ainda se mantém refém de um ‘limbo’ normativo. Dentre os vários obstáculos vale mencionar: restrições nos veículos de propagandas, redução de credibilidade junto ao público, falta de autorização para disponibilizar os aplicativos, restrições no Google Ads e em outras plataformas de mídia, aumento dos custos operacionais e ausência de interface eletrônica (API) para registro dos jogos, obrigando os intermediários a lidarem com os bilhetes físicos, sendo responsáveis pela guarda/arquivamento e coleta/transporte destes”, explica Mayeroff.
Neste cenário de surgimento de tecnologias que alteram drasticamente a realidade a qual conhecemos, é comum haver um vácuo quanto à regulação.
É o que acontece na área de intermediação de apostas lotéricas.
O negócio é considerado legal, porém não está regulamentado, algo parecido aconteceu com a área de transporte por aplicativo, gerando obstáculos para o seu desenvolvimento e consolidação.
“Vemos aqui uma evolução natural de um mercado que cresceu diante dos avanços tecnológicos e passou a atingir um novo público, com perfil mais digital e acessível. A praticidade que o online oferece já é uma demanda do consumidor moderno, não apenas para a tecnologia, como também para o âmbito de serviços como um todo”, completa Marcio Malta, CEO da Sorte Online, maior plataforma de inovação digital em loterias e uma das principais no país que faz parte da associação.
Com os dados captados pela pesquisa é possível perceber um cenário amplo de possibilidades, dado que a arrecadação no contexto brasileiro consegue contribuir para a manutenção de programas e políticas públicas voltadas à população.
Deste modo, uma expansão do segmento de jogos lotéricos, assegurada por um marco regulatório, contribuiria para o bem social, assim como para a economia nacional, tanto diretamente, na geração de emprego e renda, quanto indiretamente, através do efeito multiplicador na economia.
Com um objetivo comum entre os participantes, associações como a AIDIGLOT são fundamentais para a construção de uma sociedade mais coesa e solidária, uma vez que possibilitam aos seus membros a participação ativa na defesa de direitos e interesses de toda a comunidade.
Em um contexto atual, as associações trabalham em prol da viabilização e regulamentação do ramo, tendo como argumento base os grandes impactos positivos que a legalização traria em um contexto macroeconômico.