O conflito entre Israel e o Hamas tem provocado turbulência nos mercados internacionais, especialmente no que tange aos valores do petróleo.
Embora os verdadeiros impactos desse conflito na economia global ainda sejam desconhecidos, uma coisa já é evidente: o valor do barril de petróleo.
Nas semanas após o ataque do Hamas a Israel, os preços aumentaram, aproximando-se dos 90 dólares por barril do petróleo tipo Brent.
Em meados de julho, os preços do petróleo já tinham subido devido aos cortes de produção promovidos pela Arábia Saudita.
Embora o crescimento econômico global mais lento tenha evitado uma recuperação mais robusta, o conflito no Oriente Médio poderá alterar este cenário.
Até o momento, essa guerra não se espalhou para os principais produtores de petróleo, como ocorreu há 50 anos durante a Guerra do Yom Kippur, quando os preços do petróleo atingiram níveis elevados e afetaram a economia global.
A grande questão é se um agravamento do conflito arrastaria outros países, como o Irã, o oitavo maior produtor mundial de petróleo.
No entanto, até agora, isso parece improvável.
Outros fatores também entram em jogo, como o aumento da produção de petróleo no Brasil e a decisão dos Estados Unidos de suspender o bloqueio à Venezuela, o que pode atrair investimentos para o setor petrolífero venezuelano.
Mesmo assim, um aumento significativo na produção de petróleo nesses países pode levar tempo.
Enquanto o mundo lida com essas incertezas, uma guerra menos mencionada, entre Rússia e Ucrânia, também contribui para um ambiente global instável.
As tensões no Oriente Médio, a inflação persistente, o menor crescimento econômico e juros altos nos países desenvolvidos complicam as projeções econômicas.
O Boletim Macro FGV IBRE de outubro discute os efeitos dessa turbulência e observa dificuldades no processo de desinflação nos Estados Unidos.
Além disso, aponta para a manutenção de taxas de juros elevadas em países desenvolvidos por um período prolongado.
As consequências desse cenário global incerto impactam o Brasil.
A queda nos investimentos é uma preocupação, especialmente destacada pelo Monitor do PIB do FGV IBRE, que aponta uma redução de 5% nos investimentos no trimestre encerrado em agosto, em comparação com o período homólogo.
O setor de máquinas e equipamentos teve uma queda de 12% nesse período.
Outra grande preocupação são as perspectivas para 2024, com a incerteza econômica como um componente crítico.
Os índices de confiança compilados pelo FGV IBRE mostraram uma desaceleração no terceiro trimestre, com a queda da confiança empresarial e dos consumidores.
A sondagem de outubro indica um recuo de 3,8 pontos na confiança dos consumidores em relação a setembro, afetando todas as faixas de renda.
Alguns pontos críticos indicados pelo Boletim Macro FGV IBRE incluem a queda dos investimentos, o déficit público em crescimento, a falta de fontes de receita para financiar gastos públicos recorrentes, a necessidade de entregar resultados fiscais positivos, e o excesso de otimismo em relação a medidas fiscais.
Apesar do cenário desafiador, há um otimismo cauteloso no campo da infraestrutura no Brasil.
O governo federal está focado na ampliação de projetos e desembolsos, ancorados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A alocação orçamentária para investimentos públicos no PAC em 2024 traz esperanças de recuperação.
Diante do que parece ser um quebra-cabeça complexo de desafios econômicos e incertezas globais, economistas e observadores do mercado aguardam com ansiedade para ver como esses eventos em curso influenciarão a trajetória econômica global e, especialmente, o futuro do Brasil.
Mais sobre o autor
Thiago da Costa é um economista de 34 anos formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, em Juiz de Fora — MG.
Apesar de enfrentar desafios devido à paralisia cerebral, Thiago não se deixou deter por obstáculos e trilhou um caminho notável.
Em suas colunas econômicas que ele se propôs a escrever, representando sua estreia nesse mundo desafiador, Thiago não se contenta com a análise econômica convencional, ele acredita na importância da inclusão das pessoas com deficiência no mundo do trabalho e seu impacto econômico.
Ao oferecer uma análise conjuntural dos eventos econômicos no Brasil e no exterior, Thiago traz um olhar diferenciado e inclusivo e se esforça para não apenas compreender os eventos econômicos, mas também identificar as oportunidades e desafios que se apresentam.
Além disso, seu objetivo é claro: destacar o potencial frequentemente subestimado das pessoas com deficiência no contexto econômico.
A inclusão econômica é o cerne da sua coluna, onde ele destaca como a diversidade e igualdade de oportunidades são essenciais para o desenvolvimento econômico sustentável.
Thiago aborda políticas públicas, iniciativas privadas e histórias inspiradoras que evidenciam como a inclusão das pessoas com deficiência não apenas enriquece a sociedade, mas também impulsiona o crescimento econômico.
Sua dedicação à causa da inclusão econômica é uma inspiração para todos que o conhecem e seguem seu trabalho.